Ao lado do presidente do TSE, Gilmar Mendes, o presidente da Câmara defende lista fechada (Foto: Marcelo Camargo) |
A
programação é uma iniciativa da Câmara e do TSE em busca de um modelo
alternativo ao atual para vigorar já nas eleições do ano que vem. Participaram
do seminário especialistas e parlamentares da Alemanha, França, Bélgica, de
Portugal, da Espanha e do México, que explicaram como é o modelo vigente em
seus países, que incluem voto por lista fechada, voto distrital misto e voto
distrital puro.
Entre
os modelos em debate, Rodrigo Maia voltou a defender a chamada lista fechada,
pela qual os partidos definem previamente os nomes que estarão na disputa, e o
eleitor vota no partido. Segundo Maia, esse modelo é mais transparente que o
atual, tanto na forma de definição dos candidatos, quanto na forma de
financiamento.
“Quando
eu tratei da lista preordenada, desde o ano passado, foi olhando o
financiamento. O financiamento é público, é mais fácil controlar, não há
recurso público na mão de nenhum candidato, é um controle só. Então, facilita o
controle e aumenta a transparência”, afirmou Maia.
Questionado
se esse tipo de lista não serviria para proteger o mandato de parlamentares
envolvidos em casos de corrupção, Maia disse que este argumento é equivocado e
que esse modelo, na verdade, trará mais transparência e maior possibilidade de
controle da sociedade.
“Se
você fizer uma lista para proteger alguém que tenha algum problema, seu
adversário vai dizer: 'aqui ó, se votar no Roberto Carlos, que vai levar muito
voto, você vai levar esse segundo aqui, que é uma pessoa que não pode ser
eleita!' [Com este modelo] você vai ter transparência.”
Maia
argumentou ainda que o modelo de lista preordenada pode garantir maior
participação feminina, além de evitar a eleição de candidatos com poucos votos,
mas ressaltou que a reforma pode ser feita seguindo qualquer um dos modelos em
debate.
“Qualquer
um desses três é melhor do que o sistema atual brasileiro, disso eu não tenho
dúvida. Acho que tem que ter um debate mais tranquilo, mais racional, com mais
transparência, como está sendo feito neste seminário, para que todos os
parlamentares e a sociedade entendam que os três modelos foram os que vingaram
nas democracias consolidadas”, afirmou.
O
ministro Gilmar Mendes evitou manifestar preferência por algum dos modelos e
ressaltou que é preciso considerar a cultura política, a viabilidade e a
interação entre o Congresso e a comunidade para a escolha do novo sistema. Ele
reforçou que o sistema atual, de lista aberta, é inviável e deve ser reformado.
“Vamos
parar com sofismas: dizer que o sistema eleitoral de lista aberta é um sistema
em que a gente vota e escolhe o candidato é uma enganação, porque nós votamos
em um cabeça de chapa e elegemos alguém que não tem votos. Votamos em Tiririca
e elegemos Protógenes [Queiroz], votamos em Tiririca e elegemos Valdemar da
Costa Neto”, disse o ministro.
Gilmar
Mendes ressaltou ainda que o mais importante é que se defina primeiro um novo
modelo e depois se discuta a forma de financiamento. E que, independentemente
do sistema a ser adotado, é necessário tirar o controle do dinheiro da campanha
do candidato.
“Não
dá mais para continuar do que jeito que aí está. [O sistema atual] trouxe
resultados desastrosos. Na campanha presidencial, tivemos um imenso caixa 2,
isso já foi declarado nessas investigações. Quer dizer, é uma montanha de
dinheiro que corre, e todos os vícios do sistema. Então precisamos mudar o
sistema, encerrar esse ciclo, afastar o candidato do dinheiro, tomar algumas
providências que são mais ou menos óbvias”, declarou o ministro.
Mendes
reconheceu que o prazo para aprovar as mudanças – um ano antes das eleições de
2018, portanto, outubro deste ano – é curto, mas acredita que será possível
buscar consenso, ainda que não se aprove uma reforma ampla.
“De
fato, estamos atrasados, mas, em tese, acho que é possível conseguir construir
um consenso. Também podemos conceber formas de transição e iniciar esse
processo de reforma, que há de ser contínuo. (…) É importante que caminhemos no
sentido de uma reforma do sistema, que não vai se fazer de uma vez”, disse.
Com
informações Agência Brasil
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