O
economista Márcio Pochmann, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) afirmou ontem (29/03) que as mudanças no sistema de aposentadoria propostas pelo governo podem
elevar o desemprego e diminuir a arrecadação previdenciária do país.
Segundo
ele, a partir da Constituição de 1988, o Brasil adotou um sistema de seguridade
social mais amplo do que o que vigorava até então com o extinto Instituto
Nacional da Previdência Social (INPS), criado durante a ditadura militar.
Pochmann foi um dos convidados de uma série de audiências públicas organizadas
pela comissão especial da Câmara dos Deputados para análise da Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, sobre a reforma da Previdência.
Para
o economista, a diminuição da proteção previdenciária aumentaria a disputa por
vagas no mercado de trabalho. “As pessoas tenderão a buscar no mercado de
trabalho o recurso que não terão do sistema de seguridade. Isso significa mais
pessoas disputando as mesmas vagas, o que resulta em queda nas taxas de
salário. A queda nas taxas de salário repercute na contribuição à Previdência,
que pode perder entre 7% e 9% da sua arrecadação”, estimou.
Para
o economista, a reforma da Previdência apresentada pelo governo faria com que o
sistema de seguridade social retrocedesse ao antigo modelo. “A Previdência [da
forma como é hoje] é a primeira experiência de alguma proteção às pessoas que
não conseguiam viver no mercado de trabalho, sejam deficientes, idosos ou
outros.”
Pochmann
foi convidado pelos deputados da oposição, que são contra a PEC da Previdência.
hoje (30/03) o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, falará pelo governo para
defender a necessidade da reforma. Com a participação do ministro, estará
encerrada a fase de audiências públicas na comissão especial.
A
reforma previdenciária proposta pelo governo estabelece cidade mínima de 65
anos e tempo mínimo de contribuição de 25 anos para que homens e mulheres se
aposentem. Esses requisitos valeriam também para o trabalhador rural, que
passaria a ser obrigado a comprovar contribuição previdenciária individual,
caso a reforma seja aprovada.
A
proposta também muda as regras para receber o Benefício de Prestação Continuada
(BPC), destinado a deficientes e idosos de baixa renda. Com a reforma, o BPC é
desvinculado do salário-mínimo e a idade mínima para pleiteá-lo passa dos
atuais 65 anos para 70 anos.
Com
informações Agência Brasil
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