Estou
quebrando uma regra pessoal. Tinha estabelecido que não daria cartaz para
Bolsonaros, Malafaias e similares. Resolvi isso depois de 2013, quando me
desgastei em intensos debates sobre o Marco Feliciano ocupar a principal
cadeira da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Daquele
momento em diante, decretei: não faria textão, não abriria links e nem leria
comentários de notícias sobre essa corja que usa da fé alheia para enriquecer
contas e empobrecer mentes.
Agora,
porém, é diferente. Jair Bolsonaro tem de voltar a pautar minhas conversas. A
cada nova notícia que leio sobre a corrida presidencial de 2018, me convenço de
que não dá mais para ignorá-lo.
Nas pesquisas espontâneas para as próximas
eleições, Bolsonaro se firmou como o segundo nome mais citado. E
isso é muito sério.
Para
não repetirmos o que aconteceu com Donald Trump nos Estados Unidos, candidato que
não foi levado a sério como deveria e deu no que deu, é preciso repensar a
negação. Não que Bolsonaro tenha o mesmo alcance do republicano — longe disso
—, mas essa corrida maluca até o próximo ano ainda pode ter muitas
reviravoltas. Depois das mortes de Eduardo Campos e Teori Zavascki, não há mais
dúvidas: na política brasileira tudo pode acontecer.
O
depoimento desesperado de Aécio Neves na última semana sobre ser “preciso
salvar a política” para que não se abra espaço para um “salvador da pátria” é cheio
de interesses do Mineirinho. A fala dele, porém, faz sentido ao ventilar a
possibilidade de despontar um nome de ocasião, que pode ser o João Dória, mas
também o Bolsonaro. O fato é que o nome polêmico do militar está firmado,
apesar de que ainda pode haver impedimento, pois ele é réu no STF por apologia
ao estupro.
Recorro
à música Bolso Nada, da banda “Francisco, el hombre” em parceria com Liniker,
quase que como mantra para acreditar que ele não se fortalecerá ainda mais.
“Bolso dele sempre cheio, nosso copo anda vazio. Mesquinhez e intolerância,
bolso nada que pariu”, os artistas provocam. Seja por textão, seja por canção,
precisamos falar sobre Bolsonaro. Apesar de que, ao fazer isso, me sinto
batendo palma para doido dançar.
Publicado
originalmente no portal O
Povo Online
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