Manifestantes na Av. Paulista em São Paulo (Foto: João Alves) |
Os
protestos contra a reforma da Previdência mobilizaram mais de 1 milhão de
pessoas em todo o país nesta quarta (15). As manifestações foram organizadas
pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, com articulação das centrais
sindicais. No
ato na Paulista, em São Paulo (SP), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
declarou que “está ficando cada vez mais claro que o golpe dado neste país não
foi só contra a Dilma e os partidos de esquerda, mas
para colocar um cidadão sem nenhuma legitimidade para acabar com os direitos
trabalhistas e com a Previdência Social”.
Na
manifestação, Lula acrescentou que, embora seja um presidente sem nenhuma
legitimidade, o presidente não eleito, Michel Temer, veio representar "uma
força política que tenta colocar goela abaixo uma reforma na aposentadoria,
para que nenhum trabalhador possa se aposentar". Ele completa: "[a
reforma] vai deixar os trabalhadores rurais desse país sem se aposentar,
ganhando a metade do que poderiam ganhar”.
Lula
também mandou um recado claro ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e a
Temer sobre os projetos para o futuro do país: “Em vez de fazer uma reforma
para retirar direitos, façam a economia crescer, gerem empregos. O BNDES tem
que voltar a ser um banco de investimentos. O governo tem que voltar a governar
para o povo mais pobre do país. É preciso parar com essa besteira de
privatizações. O Temer tem que começar a vender o que é dele, e não o que é
patrimônio do povo brasileiro”, afirmou.
Por
fim, o ex-presidente saudou as mobilizações pelo país. “Eu continuo cada vez
mais convicto de que somente o povo na rua, utilizando seus instrumentos de
luta, e quando a gente tiver um presidente legítimo, a gente vai conseguir
fazer o país crescer e gerar emprego”, declarou.
“Esse
país é muito grande, de um povo trabalhador, que tem esperança. Eu tenho
orgulho de ter sido presidente desse país e de ter provado que esse povo merece
ter orgulho. [O fato de] vocês terem ido para a rua prova que quem pensa que o
povo está contente está enganado. E esse povo só vai parar quando tiver um
presidente democraticamente eleito”, finalizou.
O portal Brasil de Fato acompanhou minuto a minuto as mobilizações contra a Proposta de
Emenda Constitucional (PEC) 287/2016, que muda as regras de aposentadoria. Ao
longo do dia, categorias como as dos trabalhadores da educação, bancários,
metalúrgicos, químicos, servidores públicos também cruzaram os braços aderindo
ao protesto.
Apresentada
ao Congresso Nacional pelo governo não eleito de Michel Temer (PMDB), a PEC 287
estabelece idade mínima de 65 anos para homens e mulheres poderem se aposentar
e ainda exige contribuição de 49 anos para que o trabalhador possa receber o
valor integral do salário. Alguns benefícios também poderão ser desvinculados
do salário mínimo, diminuindo o valor da aposentadoria ao longo do tempo.
O
Dia Nacional de Mobilização Contra a Reforma da Previdência iniciou antes das
7h da manhã, com a ocupação do Ministério da Fazenda, em Brasília (DF), por 2
mil trabalhadores do campo e da cidade. Somaram-se à ação manifestantes que
realizavam uma caminhada da Catedral até o local. Segundo os organizadores,
este ato contou com 20 mil pessoas.
Outra
ação de peso foi a greve nacional dos trabalhadores em educação, que mobilizou
professores de redes municipais e estaduais de todo o Brasil. A expectativa da
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) era de paralisar
cerca de 1 milhão de profissionais do ensino. Até o fechamento da matéria, o
balanço ainda não havia sido divulgado.
O Garoto Beleza, João Alves, acompanhou as manifestações na Paulista e compartilhou vídeo e imagens na rede social Facebook.
Confira
o balanço das ações realizadas neste Dia Nacional de Paralisações e
Mobilizações contra a Reforma da Previdência, com dados coletados pela
reportagem do Brasil de Fato junto aos organizadores dos protestos.
Acre
Mobilização
reuniu cerca de 7 mil pessoas pelas principais ruas da capital Rio Branco.
Alagoas
Ato
reuniu cerca de 8 mil pessoas e organizações na Praça dos Martírios, centro de
Maceió. Outras 11 cidades do estado totalizaram 10 mil manifestantes.
Amazonas
Na
capital, Manaus, o protesto reuniu 5 mil pessoas.
Amapá
Houve
mobilização em Macapá, mas os dados de participação ainda não foram divulgados.
Bahia
Mobilização
ocorreu em Salvador, com 10 mil pessoas, na Avenida ACM, em frente ao Shopping
da Bahia, uma das áreas mais movimentadas de Salvador. Já em Juazeiro, o ato
foi em frente ao Paço Municipal, reunindo centenas de pessoas.
Ceará
Ação
foi realizada na Praça da Bandeira, em Fortaleza, e reuniu cerca de 50 mil
pessoas, que também protestaram em frente a sede do Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS) da capital. Em Crateús, interior do estado, centenas de
pessoas também de mobilizaram contra a PEC.
Distrito
Federal
Na
capital federal cerca de 10 mil pessoas, segundo a Polícia Militar; e 20 mil,
segundo os organizadores; participaram da mobilização.
Espírito
Santo
Mobilização
ocorreu na Pracinha das Goiabeiras, na capital, Vitória, reunindo 3 mil
manifestantes.
Goiás
No
estado goiano, a mobilização ocorreu no centro da capital Goiânia, reunindo
cerca de 25 mil pessoas; e na cidade de Anápolis e Rio Verde, com a
participação de movimentos populares e sindicais.
Maranhão
Em
São Luís, a manifestação contra a reforma ocorreu sob chuva, com 3 mil pessoas.
Mato
Grosso
Em
Cuiabá, o ato reuniu 6 mil manifestantes. Ainda foi registrado protesto na
cidade de Rondonópolis.
Mato
Grosso do Sul
A
mobilização ocorreu em Campo Grande, capital do estado, com um total de 20 mil
pessoas.
Minas
Gerais
Na
capital mineira, Belo Horizonte, cerca de 150 mil pessoas participaram da ação,
que iniciou na Praça da Estação e seguiu para a Assembleia Legislativa de Minas
Gerais. Em Mariana, Congonhas e Ouro Preto os professores, estudantes e
movimentos realizaram paralisações. Em Governador Valadares, até o meio-dia,
trabalhadores do transporte urbanos paralisaram o trabalho, algo inédito na
cidade.
Outras
cidades que contaram com mobilização foram Uberlândia, Uberaba, Teófilo Otoni,
Viçosa, Juiz de Fora e Montes Claros.
Pará
Na
capital do estado, o ato reuniu 5 mil pessoas, seguiu a avenida Nazaré até o
prédio da Previdência Social na cidade, terminando em frente a Assembleia
Legislativa do Pará (Alepa). Nas cidades de Canaã dos Carajás e Parauapebas,
manifestantes também fecharam a PA -160 no sentido Canaã.
Na
região sudeste do estado, os municípios de Altamira, Medicilândia e São Félix
do Xingu também se somaram à mobilização neste 15 de março.
Paraíba
Em
João Pessoa, 3 mil pessoas participaram do protesto. E centenas de pessoas
concentraram-se em frente ao Sindicato dos Professores Municipais de Sousa
(SINDPROMS-PB), vinculado à Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
(CTB) . Outros atos também ocorreram em Campina Grande e Sousa Alto.
Paraná
Em
Curitiba, cerca de 60 mil pessoas marcham pelo centro da cidade. O ato partiu
da Praça Santos Andrade e seguiu para o Palácio do governo, no Centro Cívico.
Em
Cascavel cerca de mil pessoas marcharam pelo Centro de Cascavel, região Oeste
do Paraná. A manifestação reuniu trabalhadores da iniciativa privada,
professores das redes municipal e estadual, servidores municipais e da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), comerciários, frentistas,
motoristas de ônibus, operários da construção civil, trabalhadores rurais,
coletivos e estudantes.
Em
Maringá, as ruas no entorno do prédio do INSS foram ocupadas por cerca de 5 mil
pessoas. Foz do Iguaçu e Londrina também contaram com atos.
Pernambuco
No
estado, trabalhadores da educação aprovaram greve por tempo indeterminado. A
decisão foi unânime sem votos contra ou abstenções.
Em
Recife, capital, mobilização reuniu 40 mil pessoas. Outras 10 mil e 2 mil
pessoas participaram, respectivamente, de ações em Petrolina e Caruaru. Nesta
última cidade, a sede do INSS foi ocupada.
Piauí
Foi
registrada uma manifestação em Teresina, capital do estado, mas ainda sem
números oficiais de participação.
Rio
de Janeiro
Pela
manhã, professores realizaram uma assembleia no Largo do Machado, centro da
capital. A BR 356, que dá acesso ao porto do Açu, foi fechada.
Na
tarde desta quarta-feira (15), cerca de 100 mil pessoas se reuniram na
Candelária, no centro do Rio de Janeiro, para manifestar contra a reforma da
Previdência. O grupo caminhou pela avenida Presidente Vargas até a Central do
Brasil.
A
manifestação reuniu centrais sindicais, organizações políticas, movimentos
sociais, além de trabalhadores e trabalhadoras. Na multidão, estavam crianças,
jovens, adultos e idosos.
Por
volta das 19h30, a Polícia Militar começou a jogar bombas de efeito moral. A
ação dispersou o ato e fez com que as pessoas voltassem à Candelária.
Petrópolis
e Volta Redonda também tiveram manifestações.
Rio
Grande do Norte
No
estado, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio Grande do
Norte (SINTE-RN) aprovou a greve da categoria. Em Natal, 20 mil pessoas saíram
às ruas, enquanto Paus dos Ferros contou com ato de 1200 manifestantes.
Rio
Grande do Sul
Em
Porto Alegre, mais de 10 mil ocuparam o centro da cidade. Manifestações
aconteceram também nas cidades de Canoas, Caxias e Novo Hamburgo, reunindo
cerca de 13 mil pessoas.
Rondônia
Cerca
de 5 mil pessoas participaram de manifestação na capital do estado. Em Ouro
Preto do Oeste, mais de 300 camponeses e camponesas, juntamente com
trabalhadores da cidade, em especial professores, realizaram uma Marcha pelas
principais ruas da cidade.
Roraima
Cerca
de 5 mil pessoas participaram da mobilização no centro da capital Porto Velho.
São
Paulo
A
primeira mobilização da capital ocorreu no bairro Grajaú, extremo sul, e reuniu
moradores articulados pelo Comitê de Resistência Cocaia e Região. Segundo
informações do portal Periferia em Movimento, participaram do ato integrantes
de movimentos por moradia locais, como o Nós da Sul e moradores da ocupação
Unidos para Vender, no antigo Clube Aristocrata.
O
ato na avenida Paulista contou com mais de 200 mil pessoas. Entre eles, estava
o ator Pascoal da Conceição, intérprete do personagem Dr. Abobrinha. “Neste
momento no Brasil, um governo que não foi eleito pela gente vem opinar como
deve ser o caminho das nossas vidas. Esse governo é ilegítimo para fazer
qualquer ação”, disse.
Também
foram registrados protestos em Sorocaba, com 300 participantes; em Campinas,
com 8 mil; e em Itanhaém, com 100 participantes. Em Santos, Piracicaba, São
José do Rio Preto, Sao jose dos campos, Ribeirão Preto, Americana e Bauru foram
registrados atos, mas sem contagem oficial.
Santa
Catarina
Atos
contra a reforma da Previdência foram registrados nesta quarta em Chapecó,
Florianópolis, Tubarão, São Miguel do Oeste e Joinville, mas não há números
oficiais sobre a quantidade de participantes.
Sergipe
Na
capital do estado, a manifestação reuniu 7 mil pessoas em Aracaju.
Tocantins
Mobilização
ocorreu no centro da capital, Palmas, e reuniu cerca de 2,5 mil pessoas.
Com
informações portal Brasil de Fato
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