O
ministro do STF, Gilmar Mendes, é o presidente do TSE (Foto: Carlos Humberto)
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Será
certamente divertidíssimo o julgamento da chapa Dilma Rousseff (PT)/Michel
Temer (PMDB) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para manter o peemedebista
no poder, aqueles que trabalharam para tirar a petista devido às pedaladas
fiscais terão de agora defender que o dinheiro da Lava Jato que abasteceu a
campanha não é o suficiente para afastar presidente. Enquanto isso, a defesa de
Dilma já está em campo com discurso que, caso acatado, manterá Temer no poder.
Os
defensores de Temer trabalham com a tentativa de desmembrar a chapa. Do ponto
de vista político, toda alegação de legitimidade do presidente reside no fato
de ele ter sido votado junto com Dilma. Porém, agora se tenta convencer que o
abuso de poder econômico que teria distorcido o resultado da eleição a favor
dela não o favoreceu.
Os
tribunais podem decidir qualquer coisa. Mas esse argumento vai contra toda a
jurisprudência do TSE. Nos inúmeros casos envolvendo prefeitos e governadores,
não há registro de que tenha sido cassado o titular por crime eleitoral e o
vice tenha sido empossado. O problema não é a culpa, é a vontade do eleitor ter
sido corrompida. Não é julgamento criminal, é eleitoral. A conversa da defesa
de Temer pode até colar. Mas fazer sentido, não.
Quanto
à Dilma, a ex-presidente alega que não houve qualquer irregularidade na
campanha. Ora, a se considerar este argumento, isso significa que Temer deveria
continuar presidente, uma vez que o impeachment da petista se deu por outros
motivos que não desvios no processo eleitoral.
E,
parece-me claro que a campanha da petista, com o peemedebista ao seu lado,
cometeu crimes gravíssimos, foi abastecida por dinheiro de propina e mereceria
ser cassada por isso. Não considerei que fosse correto o impeachment de Dilma
pelos motivos levados em conta pelo Congresso Nacional, mas penso que, caso
estivesse no cargo, o que a Lava Jato descobriu seria motivo justo para
tirá-la. Assim sendo, é para tirar Temer.
Se
o TSE entenderá assim, não sei. Até porque não apenas Justiça, mas muito de
política está em jogo. Inclusive, com a perspectiva de ministros
recém-indicados por Temer, no meio do processo, interferirem na decisão. Um
absurdo, aliás, mas dentro da regra. Como tantos por aí afora.
Publicado
originalmente no portal O
Povo Online
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