A
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) espera a adesão de
mais de um milhão de professores e profissionais da rede pública de ensino na
greve nacional que será deflagrada amanhã (15/03).
A paralisação, que vai
atingir todos os estados do país, inaugura um calendário intenso de
mobilizações envolvendo centrais sindicais e movimentos populares contra a aprovação
da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 287/2016, que muda as regras da
aposentadoria no país.
Apresentada
ao Congresso Nacional pelo governo Temer, a medida estabelece idade mínima de
65 anos para homens e mulheres poderem se aposentar e ainda exige contribuição
de 49 anos para que o trabalhador possa receber o valor integral do salário.
Alguns benefícios também poderão ser desvinculados do salário mínimo,
diminuindo o valor da aposentadoria ao longo do tempo.
Todas
as 48 entidades filiadas à CNTE, que incluem sindicatos municipais e estaduais
de professores, aprovaram a convocação da greve geral da categoria. A
paralisação vai durar inicialmente 10 dias e, no dia 25 de março, o movimento
vai avaliar a continuidade das mobilizações.
Segundo
Heleno Araújo, presidente da confederação, o movimento sindical e social como
um todo, incluindo as maiores centrais e as frentes Brasil Popular (FBP) e Povo
Sem Medo (FPSM), também promoverão atos contra a reforma da Previdência no dia
15.
“A
meta é barrar essa reforma. Existe escola pública em cada bairro de cada
município desse país. Vamos dialogar diretamente com a comunidade explicando a
gravidade das mudanças que estão sendo propostas. Não tem final de semana nem
feriado, estamos em uma verdadeira campanha, mas, dessa vez, para evitar um
grave retrocesso”, explica.
Uma
das principais ações locais durante a greve é pressionar as bases eleitorais de
deputados que são a favor da reforma. A tática já tem surtido efeito, explica
Heleno Araújo. Na semana passada, uma liminar obtida pelo deputado federal
Heitor Schuch (PSB-RS) chegou a proibir a CUT do Rio Grande do Sul de
distribuir um jornal especial sobre a reforma da Previdência. Uma das matérias
estampava fotos de parlamentares do estado que apoiavam a medida. A censura
acabou sendo derrubada posteriormente na Justiça.
“Esse
caso mostra que os deputados, quando têm sua posição política contra o povo
exposta na mídia, entram em pânico. Nós vamos expor todos eles”, promete Heleno
Araújo, que acredita que o governo não terá os 308 votos necessários na Câmara
dos Deputados para aprovar a PEC. A proposta, se passar na Câmara, ainda
depende do voto de 49 senadores, em dois turnos. O governo Temer sonha em ver a
medida aprovada até julho.
Para
a CNTE, a PEC 287 torna as regras para a aposentadoria tão difíceis de serem
alcançadas que os trabalhadores se sentirão obrigados a contratar planos
privados de Previdência, caso tenham condições financeiras para isso. Ao mesmo
tempo, com a expectativa média de vida no país girando em torno de 75 anos, as
pessoas vão trabalhar quase até a morte. Em alguns estados, como Maranhão e
Alagoas, por exemplo, a expectativa de vida chega a ser menor do que a idade
mínima que o governo está propondo para a aposentadoria.
No
caso dos trabalhadores em educação, explica Heleno Araújo, o impacto da reforma
da Previdência será “brutal”.
“Uma
professora que atualmente se aposenta após 25 anos de contribuição vai ter que
trabalhar um total de 49 anos para receber o salário integral, ou seja, querem
elevar em mais de 400% o tempo que essa docente teria que trabalhar para se
aposentar”, exemplifica.
Além
disso, o presidente da CNTE lembra que mais de um terço da categoria já sofre
com doenças do trabalho. Se a reforma passar, Heleno Araújo prevê um cenário
“terrível” para a educação pública no Brasil.
“Vai
aumentar e muito o número de doenças e afastamentos de professores, onerando as
prefeituras ainda mais. Essa PEC só serve para desmontar ainda mais os serviços
públicos no país, e vai afetar desde a creche até o ensino médio”, argumenta.
Com
informações portal Brasil de Fato
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