Multidão acompanha carreata dos ex-presidentes petistas pela cidade de Monteiro, na Paraíba (Foto: José Eduardo Bernardes) |
Neste
domingo (19/03), dia de São José, santo conhecido e admirado pelo povo
nordestino por abençoar a região com a chegada da chuva, o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e a ex-presidente Dilma Rousseff, causaram uma verdadeira
comoção em Monteiro, no inteiro da Paraíba, ao promoverem uma "Inauguração
Popular da Transposição do São Francisco".
Os
dois visitaram, no começo da manhã, o reservatório instalado na cidade, que
armazena as águas do São Francisco, no final dos 270 quilômetros do Eixo-Leste
da transposição. Em seguida, cercados por uma multidão, que disputava cada
aceno dos dois ex-presidentes, se dirigiram à praça central de Monteiro, onde
cerca de 50 mil pessoas, segundo o Partido dos Trabalhadores, esperavam a
comitiva.
O
ato contou ainda com a presença de senadores como Lindbergh Farias, Gleisi
Hoffmann e Humberto Costa, todos do PT, além do governador da Paraíba, Ricardo
Coutinho (PSB), e um grande números de deputados federais e estaduais, que se
revezaram nas falas em defesa das obras de transposição do São Francisco e a
defesa da candidatura de Lula, nas próximas eleições presidenciais, em 2018.
O
petista já declarou a disposição de concorrer ao pleito e inclusive lidera
pesquisas de intenção de voto, divulgadas este ano. Mas o ex-presidente convive
com o que ele chama de "perseguição" do Judiciário brasileiro, que o
investiga em mais de cinco processos, três deles no âmbito da operação Lava
Jato.
As
obras da transposição foram iniciadas em 2007, na segunda gestão de Lula à
frente da presidência - apesar de ter sido aventada ainda no tempo do Brasil
Império e rechaçada por diversos presidentes da República.
"A
transposição era uma obra de conveniência. Só defendiam quando precisavam de
votos", afirmou Lula.
O
ex-presidente disse que, com a transposição, "esse povo pobre começou a
ter esperança", e lembrou que, sua infância, no sertão de Pernambuco, foi
decisiva para que a obra fosse levada a cabo.
"Eu
não pensei nessa obra porque eu sou letrado. Eu pensei porque, quando eu tinha
sete anos de idade eu já carregava lata de água na cabeça, eu sei o que o povo
sofre sem água", apontou Lula.
O
senador Lindbergh Farias, defendeu a "paternidade" de Lula na
transposição do São Francisco, a maior obra hídrica do Brasil, que deverá
beneficiar populações do semiárido brasileiro nos estados de Pernambuco,
Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
"Lula
levou muita água na cabeça, sabe o que é a seca. O povo sabe que foi Lula quem
colocou essa obra no papel. Chega a ser ridícula essa posição do Temer",
disse o senador, em referência a membros do governo Temer, que tentaram,
durante a semana, reivindicar celeridade na entrega das obras.
Na
sexta-feira (17), o ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência, Moreira
Franco, chegou a postar no Twitter, que a ex-presidenta "Dilma não
conseguiu entregar as obras" em seis anos, enquanto o governo Temer
entregou em "seis meses".
Para
a senadora Gleisi Hoffmann (PT), o evento deste domingo mostrou para o país,
"que quem é o verdadeiro pai da obra é o Lula. Aliás, as pessoas vieram
aqui, chorando, emocionadas, para dizer isso", disse.
"Muita
gente veio falar comigo, dizendo: 'olha, eles tentam enganar a gente, mas a
gente sabe que quem fez essa obra foi o Lula'", destacou a petista.
O
cearense Junior Coutinho, 43 anos, que trabalha em uma ONG, no estado vizinho,
e veio até a Paraíba, só para acompanhar o evento com Dilma e Lula, destacou
que "a transposição das águas do Velho Chico traz esperança e alento para
todos nós nordestinos. Se Deus quiser, cada vez mais, o Brasil vai reconhecer o
trabalho desse grande nordestino [Lula] para o nordeste e para o Brasil.
O
governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), destacou que a transposição do
São Francisco é a "obra do século".
"Talvez
poucas pessoas no Brasil tenham a noção do que seja essa obra. Em 40, 60 dias,
1 milhão de paraibanos estarão bebendo dela. É uma obra que vai dar capacidade
de desenvolver a economia do semiárido nordestino", afirmou.
Coutinho
apontou, no entanto, que para ele, o maior legado da obra "é fazer com que
o coronelismo sofra o seu mais duro golpe", na região.
Segundo
o governador, "as pessoas não imaginem o que tenha sido, ao longo dessa
caminhada, o domínio das oligarquias, através da lata de água, da terra que não
se podia cultivar. E isso significa libertação, que significa, inevitavelmente
desenvolvimento", completou.
Lula
advertiu o governador da Paraíba, para que ele impeça "fazendeiros de
pegarem toda água só para eles, com bomba. Esse projeto tem função
social", disse.
Durante
sua fala, a ex-presidenta Dilma Rousseff lembrou que o Partido dos Trabalhadores
irá disputar as eleições de 2018, para "reestabelecer a democracia"
no país.
Após
sofrer o impeachment durante sua gestão, no ano passado, Dilma afirma que é
preciso ter "cuidado" no processo eleitoral do próximo ano.
A
presidenta conclamou todos a buscarem a retomada da democracia e destacou:
"Que eles não venham impedir candidaturas legítimas", disse. "No
tapetão não"!, bradou.
Em
relação a uma possível candidatura em 2018, Lula disse, em tom emocionado, não
saber quanto tempo ainda tem de vida, "mas o quanto eu tiver, é para
trazer dignidade a esse povo brasileiro". O ex-presidente disse também que
deseja "que o povo nordestino seja tratado em pé de igualdade, que aqui
tenha mestres e doutores, que tenha universidades", completou.
Com
informações portal Brasil de Fato
Confira outras imagens da Inauguração Popular da Transposição do São Francisco":
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