Campanha do The New York Times: "A verdade nunca foi tão importante quanto agora" (REPRODUÇÃO THE NEW YORK TIMES) |
Hoje
são muitas as publicações que circulam sem critérios de apuração ou checagem.
As redes sociais aumentam ainda mais o abismo entre a verdade e a informação.
Mas jornais e portais de credibilidade começam a dar uma resposta contra a
proliferação de inverdades.
Campanhas
publicitárias lançadas no Brasil e no exterior miram no resgate da verdade,
muitas delas puxadas pelo efeito da eleição de Donald Trump, nos EUA. Adotam
também oficinas e palestras de “alfabetização em mídias” e encabeçam ações como
a do jornal norte-americano The New York Times. O periódico criou um programa
de “apadrinhamento” de assinaturas. 15,5 mil doadores ofereceram acesso
gratuito ao conteúdo digital do jornal a 1,3 milhão de alunos de escolas
públicas dos EUA.
Todas
as alternativas são válidas para mostrar ao leitor/internauta que a notícia
precisa estar acompanhada de credibilidade, especialmente no meio digital. A
jornalista Luciana Dummar, presidente do Grupo de Comunicação O POVO, destaca
que a confiança dos jornais é estendida na internet. “Os sites mais visitados
do mundo são os de jornais impressos, então quando as pessoas dizem que leram
algo na internet, pesquisas mostram que elas leram em sites dos periódicos. As
grandes marcas e jornais de credibilidade passaram a ser mais consultados”,
afirma.
Para
coibir a propagação de notícias falsas, a jornalista cita duas medidas que já
começam a tomar força. “Temos que expor os casos, esclarecer os números e as
verdades. Os grandes jornais precisam dar as mãos e mostrar onde tem mentira.
Nós e os leitores ao identificarmos notícias falsas devemos deixar isso claro”,
ressalta.
A
Pesquisa Brasileira de Mídia, encomendada pela Secretaria da Presidência da
República no ano passado, apontou que 30% dos entrevistados confiam nas
notícias publicadas no jornal impresso, enquanto rádio e televisão ficaram com
28% e 26% respectivamente. No ranking das instituições mais confiáveis do País,
da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a imprensa escrita representou 37% das
respostas dos entrevistados.
A
forma criteriosa de fazer jornalismo também aumenta ou diminui a confiança dos
leitores, segundo Ricardo Pedreira, diretor-executivo da Associação Nacional de
Jornais (ANJ). “É importante que as marcas jornalísticas de visibilidade
busquem mostrar à opinião pública o jornalismo bem feito, levando em
consideração os métodos de apuração criteriosa, checagem dos fatos e
contextualização adequada. Os cidadãos começam a identificar isso. E
estabelecem as diferenças entre a verdade publicada e a distorção da
realidade”, explica.
Salomão
Castro, presidente da Associação Cearense de Imprensa (ACI), destaca que a
capacitação do profissional jornalista também é importante para evitar ruídos
ao público que consome notícias. Ele cita o caso da eleição norte-americana e o
Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia).
“As
informações que a imprensa norte-americana foi produzindo, na soma do que
chegava à sociedade, mostravam a candidata Hillary Clinton vitoriosa. O mundo
havia sido preparado apenas para uma possibilidade. No caso do plebiscito do
Brexit, não se apontava uma possibilidade que seria aprovada a saída. Muitas
vezes, é preciso tentar compreender os sentimentos das pessoas e não trabalhar
com cenários preestabelecidos ou apostar numa tendência que vai se concretizar”,
avalia.
“Uma
mentira repetida mil vezes se torna uma verdade”. A frase, cunhada pelo
ministro da Propaganda da Alemanha nazista de Hitler na Segunda Guerra Mundial,
Joseph Goebbels, ecoa na Era das Mídias Digitais. “Você tem a facilidade
tecnológica de espalhar qualquer coisa que se invente. Isso é preocupante para
o nosso meio profissional e social. São as false news”, afirma Antonio de Moura
Reis, diretor de Jornalismo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
O
Facebook, em junho do ano passado, chegou a alterar o algoritmo para
privilegiar o conteúdo de amigos e familiares. O mecanismo favorecia o
recebimento de mensagens que reafirmavam o ponto de vista dos usuários,
corroborando, de acordo com Moura Reis, a propagação das notícias falsas. Para
reduzir a incidência das notícias falsas, o Google e o Facebook instituíram
mecanismos de denúncia.
As
empresas que também investem em publicidade programática nas redes sociais
estão mais cuidadosas. Muitas delas buscavam, por meio dos algoritmos de busca,
sites, blogues e portais com maior visibilidade para vender seus produtos. “Os
grandes anunciantes, através das plataformas programáticas, observam que os
algoritmos podem prejudicar a imagem. Sem que eles saibam, a marca pode estar
vinculada a um site de informações falsas. Questionam também as métricas de
audiência do Google e do Facebook”, reforça Ricardo Pedreira, da ANJ.
Com
informações O Povo Online
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