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12 de fevereiro de 2017

Quem dá as cartas na política cearense

Eunício Oliveira (PMDB) é eleito presidente do Senado, PSD e PMD oficializam bloco de oposição ao Governo do Estado na Assembleia Legislativa. No polo oposto, o DEM passa a compor base de Camilo Santana (PT), o tucano Maia Júnior toma posse como secretário estadual e as especulações de que o governador vai deixar o PT se fortalecem – tudo em menos de dez dias. Os últimos acontecimentos políticos locais são decisivos para as eleições de 2018.

Mesmo com as cartas na mesa, o jogo está longe de ser definido, e as próprias lideranças locais têm evitado falar diretamente sobre o pleito. O argumento de que o período ainda está distante e a prioridade do momento “é fazer uma boa gestão” vão de encontro aos rearranjos de forças empregados, numa disputa que parece já ter começado.

Especialistas ouvidos pelo JORNAL O POVO destacam a polarização entre grupos de Eunício e de Camilo. Para eles, mudanças implementadas pelo governador no secretariado e comando do peemedebista no Senado foram os movimentos mais importantes para entender o cenário. Eles discordam, porém, sobre a viabilidade de Eunício ser candidato ao Governo.

“O Eunício no Senado vai ter um papel importante nacional e agregar para a disputa ao governo local se a Lava Jato não der uma rasteira nele no meio do caminho. Eu acho que ele deve indicar alguém para concorrer ou só poderá vencer numa boa surpresa de marketing”, avalia o cientista político e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Josênio Parente.

Já a socióloga do Laboratório de Estudos de Política, Eleições e Mídia da UFC, Paula Vieira, vê “grandes chances de Eunício ganhar”. De acordo com ela, “se 2018 fosse hoje, o quadro estaria mais favorável para Eunício. Todo o cenário está favorável para o PMDB”. Ela minimiza, inclusive, a ação da operação comandada pelo juiz Sergio Moro. “Hoje, as delações não estão influenciando em nada as articulações nacionais dos partidos”, afirma.

Candidatura de Camilo à reeleição, entretanto, é consenso. Eles destacam a aproximação do governador com partidos que tradicionalmente faziam oposição ao PT, como PSDB e DEM, legenda de Moroni Torgan, vice do prefeito Roberto Cláudio (PDT). Os dois não descartam saída de Camilo do PT.

“Camilo nunca teve uma identidade forte com o PT. O PT era só uma legenda a que ele estava vinculado para disputar um cargo. Ele sempre foi do grupo dos Ferreira Gomes, essa é a identidade dele”, explicou Paula.

O motivo da migração, segundo ela, seria o desgaste atual do partido e até a possibilidade de um “racha pontual” entre ele e o PDT por causa da disputa à presidência.

Camilo tem evitado falar sobre o assunto, argumentando que está se preocupando em “administrar o Ceará”. Secretário da Casa Civil, Nelson Martins reiterou posição do governador e defendeu que todas as mudanças foram feitas “com a preocupação de fazer um bom governo. Eleição só deve ser tratada no próximo ano”, disse.

Outra possibilidade para a disputa ao Governo, Capitão Wagner (PR) vem buscando consolidar seu capital político para além dos resultados eleitorais. Novo líder da oposição na Assembleia Legislativa, ele deve fortalecer seu nome entre os deputados cearenses com ajuda de Sabino, que, agora,
coordena a bancada.

“Fortalece o grupo da oposição, mas é cedo para dizer que, com isso, seremos beneficiados em 2018”, respondeu Wagner sobre a aliança com Eunício e Cabo Sabino. “Mas é claro que se eles fizerem um bom trabalho, acaba ajudando o grupo a mostrar que tem capacidade”, admitiu. O nome do PR disse ser “muito cedo” para garantir que disputará o cargo.

“Nosso grupo foi somado com o PSD e o PMB, que têm grandes nomes, então isso terá de ser discutido. Nosso grupo tem maturidade para discutir isso sem causar um racha”, avaliou. O tom é o mesmo de Eunício, que afirmou que “é natural que a oposição no Estado se mantenha organizada em 2018”.

Com informações O Povo Online

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