Nas imagens de Gregório, de 11 meses, a mãe opta por não informar a localização e esconder o nome da escola do filho (Foto: Mateus Dantas) |
O
que você espera ao publicar uma foto sua na internet? É interessante que todos
vejam o conteúdo? Que saibam onde você está? Você está disposto a lidar com a
repercussão, caso ela não seja a esperada? São muitas as perguntas, mas imagine
agora que a foto inclui uma criança. É hora de recomeçar o texto e tentar responder
tudo pensando nela. O ideal é que as perguntas sobre ela venham antes das suas.
Se você é adulto, tem o dever de prezar pela segurança e pela dignidade da
criança.
Os
pais decidem sobre o que vão compartilhar a respeito dos filhos em textos,
fotos e vídeos. A dosagem vem de cada um. No entanto, há comportamentos e
detalhes que podem fazer a diferença, tornando a exposição excessiva e trazendo
resultados não planejados. De um meme inofensivo ao risco de atrair
sequestradores e pedófilos. Como no mundo analógico, as ameaças são prevenidas
com a mediação dos pais, educadores e responsáveis.
As
questões trazidas no início do texto buscam colocar o adulto no lugar da
criança antes de escolher por ela, conforme orientação de Ana Carina Stelko
Pereira, doutora em Psicologia e professora adjunta da Universidade Estadual do
Ceará (Uece). Ela lembra que a internet pode “eternizar” algumas publicações e
tem meios diversos e rápidos de propagação. A criança pode resgatar depois o
que foi postado sobre ela. “O importante é compartilhar o que contribua para a
autoestima da criança”, enfatiza.
A
psicóloga também orienta sobre os cuidados com a segurança nas postagens. Para
evitar sequestros ou reprodução de fotos em redes de pedofilia, imagens em
posições erotizadas ou com a identificação do local não devem ser publicadas.
Um cuidado que está nos perfis que a fisioterapeuta Monalisa Aragão, 27, fez
para os filhos na rede social Instagram. Desde o quarto mês de vida, o caçula
Gregório, agora com onze meses, ganha curtidas e comentários só para ele. O
mesmo aconteceu com Maria Valentina, 3, desde que ela tinha 1 ano.
“Eu
coloco uma mancha na farda da escola, nunca coloco a localização da minha casa.
Quando faço uma foto marcando um lugar, só posto depois de ter saído de lá”,
explica a mãe. Assim, ela se sente mais segura ao mostrar quase diariamente
fotos e vídeos dos filhos.
As
contas começaram a pedido de familiares e amigas que queriam acompanhar o
crescimento de Valentina. Agora, ela e o irmão ganham presentes de seguidores e
de marcas da moda infantil. Os comentários nem sempre são de conhecidos. No entanto,
Monalisa encontrou uma nova rede de mães que gostam de partilhar imagens e
momentos. De olho na segurança, ela se diverte ao ver que a filha pede para
tirar fotos quando gosta de uma roupa, além de brincar fingindo que tem um
canal de vídeos. “Mas quando ela não quer foto, não tem quem faça. Aí eu deixo
pra lá”, sorri.
LIDANDO
COM AS ATIVIDADES DOS FILHOS NA INTERNET
1
O que postar, como postar e para quem?
Primeiro
os adultos, depois crianças e jovens devem compreender que tudo que é
compartilhado na internet é de domínio público e pode ser usado por outras
pessoas para diferentes fins. O que torna a rede social uma imensa vitrine da
sua vida, um livro aberto que conta uma história, mas não necessariamente a
sua, pois as interpretações e usos podem ser os mais diversos possíveis.
2
Investigar os próprios hábitos
Antes
de questionar o que os filhos costumam postar, os adultos podem fazer essa
reflexão. As crianças aprendem pelo exemplo, tendem a reproduzir em seus
comportamentos o que veem no cotidiano.
3
Ser crítico e reflexivo
Em
conversa com as crianças maiores e os adolescentes, aponte as virtudes e
limitações do uso das redes sociais. Eles necessitam dessa informação para
ajustarem seus comportamentos. Demonstre que as publicações que dão acesso a
hábitos e rotina da pessoa (endereços de academia, restaurantes ou escola) e
que expõem partes íntimas podem ser usadas para a prática de crimes, como
cyberbullying, pedofilia e sequestros.
4
Escute o que a criança tem a dizer
Procure
perceber a importância e os hábitos de uso das redes sociais para a criança e
para o adolescente. Se as redes são fonte de informação para consumo ou hábitos
pessoais, elas também podem ser um potente recurso para que você compreenda o
comportamento dos seus filhos.
Com
informações O Povo Online
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