Velório de Marisa Letícia é encerrado com discurso e homenagens (Foto: Nelson Almeida) |
Estive
em são Bernardo do Campo para uma palestra no Instituto Mauá. A cidade já tinha
alguma movimentação em função do velório de dona Marisa. A divergência política
e o contraditório são excelentes para a democracia. Todo choque tem algumas
barreiras. Uma é a ética: divergir não implica atacar. Outra, muito importante,
é a morte. Nada existe além dela. Extinguem-se as animosidades. Termina o ódio
no túmulo.
Atacar
ou ter felicidade pela morte de um ser humano é uma prova absoluta de que a dor
e o ressentimento podem enlouquecer alguém. Se você sente felicidade pela morte
de um inimigo, guarde para si. Trazer à tona torna pública sua fraqueza, sua
desumanidade.
Acima
de tudo, mostra que este inimigo tinha razão ao dizer que você era
desequilibrado. Contestem, debatam, critiquem: mas enderecem tudo isto a quem
possa revidar. Por enquanto temos apenas um homem que perdeu sua companheira,
filhos órfãos e netos sem a avó.
Entre
os vivos, surgem divergências e debates. Diante da morte, impõe-se silêncio e
respeito. Nunca deixem de ser, ou ao menos, tentar parecer, um ser humano.
Quando
você não tiver uma palavra de conforto para quem perdeu a mãe ou a esposa,
simplesmente, cale a boca. Sinto-me envergonhado por coisas que li na internet.
Publicado
originalmente no portal Revista Forum
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