Você
sabe o que é a Internet? É o Facebook ou é algo muito maior? Para 55% dos
brasileiros Internet e Facebook são a mesma coisa. Mas, apesar de sua grandeza,
o Facebook é apenas um dos componentes da World Wide Web, a rede mundial de
computadores.
O
“WWW” É UM sistema de hipermídia, que reúne várias mídias (texto, som, imagens
e imagens em movimento), interligadas por sistemas eletrônicos e executadas na
internet. A World Wide Web foi desenvolvida pelo físico inglês Tim Bernes-Lee,
quando trabalhava nos laboratórios da Organização Europeia para a Pesquisa
Nuclear (Cern).
GRAÇAS
AO SISTEMA desenvolvido por Bernes-Lee, foi possível sair de uma rede fechada,
criada nos Estados Unidos – usada para a circulação de informações entre
computadores do governo – para o sistema público que conhecemos hoje, que
permite o uso por qualquer pessoa com um dispositivo conectado à rede.
BERNES-LEE,
considerado o “pai da web”, não quis patentear sua invenção por entender que a
rede deveria ser livre e pública – e continua sua luta para que assim seja,
incluindo confrontos com os grandes da internet, como o Facebook e Google, que
praticamente monopolizam a rede e mantêm seus usuários sob regras as quais
ninguém conhece bem, ditadas por seus proprietários. (Barnes-Lee, em entrevista
ao jornal britânico The Guardian, lançou um repto:
“Diga
ao Facebook e ao Google que você quer seus dados de volta”.)
VOLTANDO
À PESQUISA, ela foi produzida pela Quartz e divulgada como parte do relatório
“Internet Health Report v0.1”, da Fundação Mozilla.
OS
PESQUISADOS tinham de responder a esta pergunta: “Você concorda com a seguinte
afirmação: o Facebook é a internet?” No Brasil a taxa de concordância foi de
55%, entre as maiores dos países pesquisados, depois da Nigéria (65%),
Indonésia (63%) e Índia (58%); nos Estados Unidos, o índice foi de apenas 5%.
PARA
A MOZILLA, esse baixo nível de conhecimento representa um perigo à “saúde” da
internet: “Sem conhecimento, não podemos esperar que as pessoas entendam o que
a internet pode fazer por elas, ou por que elas devem se importar (com a
rede)”.
MESMO
NOS países europeus, um resultado “alarmante” chamou a atenção dos
pesquisadores: metade da força de trabalho da Europa não tem conhecimento
digital adequado para o mercado de trabalho.
AS
CONSEQUÊNCIAS do desconhecimento é que as pessoas tornam-se presas fáceis das
notícias falsas e boatos. (Nesta coluna já escrevi texto mostrando que crianças
e jovens têm dificuldade de diferenciar notícias falsas e verdadeiras e também
separar publicidade de matéria jornalística.)
ALÉM
DISSO, o relatório constatou a concentração brutal na internet: o Google é
responsável por mais de 75% das pesquisas feitas nos computadores e por 95,9%
dos acionamentos via smartphones; o Facebook tem 1,7 bilhão de usuários, a
maior rede social do mundo. (Já escrevi texto afirmando que chegará o tempo, se
já não chegou, em que sentiremos saudade do monopólio da Rede Globo.)
O
FATO É QUE a promessa de democratização que a internet traria está se tornando
apenas uma miragem. Já fui classificado como “atrasado” ou “dinossauro” em
alguns debates por levantar questões parecidas. E o ataque sempre terminava
assim: por que então você não deixa de usar a internet? A minha resposta:
porque seria o mesmo que pedir alguém para deixar de usar a energia elétrica.
OU
SEJA, a internet não é um mal em si, é apenas uma técnica, um meio, o resultado
– bom ou mau – depende, portanto, do uso que se faz dela, tanto individual como
coletivamente.
Desigualdades
O
relatório da Mozilla mostra que 58% da população mundial não têm como pagar por
uma conexão de banda larga e 40% não conseguem nem sequer arcar com uma conexão
via smartphone. “Nos piores casos, a internet pode reforçar e exacerbar as
desigualdades, divisões e práticas discriminatórias existentes.”
Banco
Mundial
Estudo
do Banco Mundial (veja um dos links abaixo) chegou à mesma conclusão, mostrando
que a ideia da internet como democratizadora do acesso à informação pode não se
cumprir. Pelo contrário, a rede pode estar aumentando a desigualdade no mundo.
Dividendos
As
mudanças não melhoraram o acesso a serviços públicos ou o aumento das
oportunidades econômicas, como se previa. “As tecnologias digitais estão se
espalhando rapidamente, mas os dividendos do crescimento digitais, empregos e
serviços têm ficado para trás”, anota o relatório do Banco Mundial.
Publicado originalmente no portal O Povo Online
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