Primeiro Congresso Nacional do PT em 1991 (Foto: arquivo do partido) |
A
coluna de ontem (22/01) tratou do momento confuso que vive o PT: denuncia golpe, mas
faz acordo para apoiar candidatos de DEM e PMDB em Brasília, indica tucano para
o governo do Ceará e não sabe se é oposição ou aliado na Câmara de Fortaleza.
Esse quadro é em grande parte resultado de processo que ocorreu ao longo dos
anos de poder.
Os 13 anos no governo gradualmente sufocaram o que era a maior
virtude do PT. Diferente de quase todas as demais siglas, os petistas tinham
vida partidária efervescente. Vivia em estado de permanente ebulição e tudo era
discutido.
O “assembleísmo”, como reclamavam os críticos, era ruim para o
governo, mas fazia o partido pulsar. Curiosamente, o período de melhores
resultados do governo Luiz Inácio Lula da Silva foi mais prejudicial para essa
característica interna do que haviam sido as crises. Os tempos mudaram e admira
a passividade com a qual a legenda tem atravessado o turbilhão do ano passado
para cá.
Por
mais que se discorde do impeachment e que se questione muita coisa, há diversas
e gravíssimas acusações irrefutáveis contra o governo do PT e contra petistas.
Há membros do partido que foram importantíssimos e confessaram ao menos parte
das fraudes que lhes são atribuídas. São os casos do ex-líder da bancada no
Senado, Delcídio do Amaral, e do ex-tesoureiro, Paulo Ferreira. Além do
publicitário João Santana, que se tornou o mentor da comunicação de Dilma
Rousseff (PT). Sem falar de vários empreiteiros que confessaram e, com isso,
incriminaram-se ao relatar as operações criminosas que desenvolveram com o
partido.
Em outros tempos, o tamanho do escândalo provocaria profundos debates
internos, convocação de congresso do partido. Provavelmente derrubaria a
direção. Isso ocorreu na época do mensalão, muito menos grave que a corrupção
constatada na Petrobras. Dessa vez, porém, o que ocorreu foi: nada.
Muitos
petistas realmente minimizam o tamanho do escândalo. Acham natural que um
governo instaure tamanho esquema corrupto. Ou acham que os fins justificam os
meios. Essa mentalidade, a prevalecer, fatalmente levará o partido à extinção.
A denúncia dos abusos que efetivamente existiram no processo de impeachment
serviu para encobrir a necessidade urgente de autocrítica e transformação
interna. Mas, em grande parte, a letargia é reflexo de um partido que
anestesiou seus fóruns e debates internos. Isso deu mais tranquilidade aos
governos petistas. Todavia, a dormência não acabou quando o partido deixou o
poder. Acordar a militância não é algo instantâneo.
Os tempos mudaram, as
formas de atuação também. É possível que aquilo que o PT foi matando nunca mais
exista. Assim, terá acabado a maior virtude daquela que já foi uma das mais
interessantes experiências de formação de partido do Brasil.
Publicado
originalmente no portal O Povo Online
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