Já
em março passado, estava ficando evidente que a presidente Dilma não podia mais
ficar no cargo tal era o desmando na economia, na política e na ética. Haveria
de ter uma solução para que o País reencontrasse o caminho, senão do
crescimento, pelo menos da estabilidade. Arriscava-se retroceder e perder todos
os ganhos sociais acumulados ao longo dos 17 últimos anos. A insatisfação
crescia e a burguesia e a pequena burguesia tomavam as ruas. Como continuar com
um PIB negativo em torno de 2,5 % ano após ano, 12 milhões de desempregados,
dívidas crescentes, orçamentos descontrolados e uma corrupção sistemática?
Nesses casos, a Constituição prevê uma solução político-jurídica, o impeachment. Assim foi feito embora essa solução acarretasse uma consequência perversa: a ascensão de um indesejado vice-presidente ao cargo de presidente.
Nesses casos, a Constituição prevê uma solução político-jurídica, o impeachment. Assim foi feito embora essa solução acarretasse uma consequência perversa: a ascensão de um indesejado vice-presidente ao cargo de presidente.
Seria
um governo provisório, um governo tampão, encarregado de fazer a transição
política até as eleições de 2018. Uma pinguela, nas palavras de Fernando
Henrique Cardoso, para atravessar o rio enfurecido. Mas a pinguela não está
resistindo, pois ela se encontra corroída pelo cupim da corrupção, da falta
absoluta de credibilidade, legitimidade e virtudes republicanas. Michel Temer e
seus acólitos não possuem nem a dignidade nem a representatividade necessárias
para governar. Aos olhos da população, seu governo acabou. Urge uma PEC para se
convocar eleições diretas já.
Sentindo
que iria perder o cetro, a então presidente Dilma apontou como solução a
convocação de eleições diretas para presidente.
Embora
clarividente a sugestão, seu partido e os outros não lhe deram ouvido. Há pelo
menos, não digo obstáculos, mas dificuldades para eleições diretas já. A
primeira diz respeito aos possíveis candidatos. Onde encontrar candidatos que não
apresentem os vícios dos atuais ocupantes do governo? Existem? O risco seria
eleger alguém para descobrir logo em seguida que ele (ela) também está
envolvido em tramoias semelhantes ou piores e que, portanto, careceria da mesma
falta de credibilidade e legitimidade. O veneno da corrupção parece ter-se
espalhado por todos os poros da elite política nacional. Quem se salva?
A
segunda dificuldade reside nos partidos políticos e nas regras eleitorais
totalmente propensas ao descaminho eleitoral. Precisaria, em primeiro lugar, de
uma reforma dos partidos e novas leis eleitorais, apressando e radicalizando as
tramitações já iniciadas na casa legislativa, de maneira a permitir, pelo
menos, a possibilidade do eleito e seu partido terem maioria no parlamento. O
País precisa de um governo forte, sólido e livre para ganhar a confiança
popular, resolvendo o impasse político e alavancando a economia, fazendo
reformas necessárias como a previdenciária e a tributária de modo a assegurar
uma maior justiça social.
Não
parece haver escapatória a eleições diretas. O governo Temer acabou; a pinguela
ruiu. A maioria da população clama por eleições já.
Publicado
originalmente no portal O
Povo Online
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