Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Ceará (Foto: Paulo Rocha) |
A
Assembleia Legislativa do Estado do Ceará aprovou ontem (21/12) a Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) que extingue o Tribunal de Contas dos Municípios
(TCM). De autoria do deputado estadual Heitor Férrer (PSB), a proposta mantém o
quadro de servidores concursados do TCM que será aproveitado no Tribunal de
Contas do Estado (TCE), assegura aos comissionados e terceirizados da Corte 90
dias de estabilidade contados a partir da promulgação da medida.
O
governo estadual não divulgou estimativa de economia de gastos com o fim do
tribunal. A função do TCM é de fiscalizar e julgar as contas de gestores e de
governos municipais no Estado. O
órgão é formado por sete conselheiros, que passarão a integrar uma lista de
espera. Enquanto aguardam vaga no novo órgão a ser formado, receberão salário
normalmente.
Foram
31 votos favoráveis à extinção do TCM, 12 contrários e uma abstenção no
primeiro turno. Na segunda votação, a medida recebeu apoio de 31 parlamentares,
ante 9 votos contrários e uma abstenção. A proposta ainda passa pela Comissão
de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) para texto final. Em seguida, vai
para promulgação da Mesa Diretora.
Parlamentares
apresentaram emendas para reformular o modo de indicação de futuros
conselheiros para o novo Tribunal. O deputado Carlos Matos (PSDB) propôs
“quarentena” de quatro anos para indicação de ex-políticos para a Corte de
contas. O prazo seria calculado a partir da data do fim do último mandato.
Já
a deputada Fernanda Pessoa (PR) sugeriu proibição de indicações políticas para
os cargos e qualificação técnica adequada. A base do governo rejeitou as
sugestões.
Segundo
especialistas da capital a votação que colocou fim ao TCM é reflexo da
antecipação da briga pelo Governo do Estado em 2018. Nesse embate, dois grupos
mediram forças: o do presidente eleito do tribunal e ex-vice governador do
Estado, Domingos Filho, e os Ferreira Gomes.
A
queda de braço também é consequência da disputa pelo comando da Assembleia,
cujas eleições levaram Zezinho para novo mandato, derrotando o deputado Sérgio
Aguiar (PDT), cujo pai é o atual presidente do Tribunal de Contas dos
Municípios.
Apesar
da derrota em plenário, a oposição não se deu por vencida na votação da PEC
2/2016 que extingue o Tribunal de Contas dos Municípios e recorreu ao Supremo
Tribunal Federal (STF) alegando inconstitucionalidade da proposta.
O
deputado estadual Capitão Wagner (PR), que entrou com recurso no Supremo
apontando irregularidades na proposta de extinção do TCM, lamentou a aprovação
da medida.
“Teremos
gastos a mais com o Estado porque vai ter conselheiros, procuradores e
auditores em casa recebendo remuneração de forma integral, mais de R$ 5 milhões
por ano. É uma tristeza para o Estado num cenário que a população tem cobrado
mais fiscalização dos serviços públicos”, criticou.
Um
mandado de segurança que havia sido impetrado pelo deputado Odilon Aguiar (PMB)
no Tribunal de Justiça do Ceará, também questionando a inconstitucionalidade,
acabou sendo indeferido. Um outro recurso também foi interposto por Wagner no
TJ-CE e espera deliberação da Corte.
Ao
jornal O POVO, o presidente eleito do TCM, Domingos Filho, afirmou também que a
instituição deverá procurar o STF para recorrer.
“O
TCM e a própria Associação dos Tribunais de Contas (Atricon) vão entrar com
ação de inconstitucionalidade diretamente no Supremo. Estamos cuidando das
medidas de natureza judicial porque estamos vendo a determinação do governo
muito forte em cada parlamentar. Infelizmente a AL está rastejante”, afirmou o
conselheiro.
Ainda
ontem, o TCM entrou com ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) pedindo a
suspensão da votação da PEC concluída na sessão extraordinária do mesmo dia.
O
deputado Heitor Férrer (PSB) afirmou que as reações sobre a votação acontecem
dentro da normalidade diante da polêmica da matéria. "Esta matéria é
facilmente identificada como constitucional porque o Supremo julgou uma ação no
mesmo sentido no Maranhão, onde foi extinto o TCM para ficar apenas o Tribunal
de Contas do Estado (TCE)", argumentou.
Com
informações O Povo Online
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