Senadores aprovaram projeto que classifica a vaquejada como patrimônio cultural imaterial (Foto: Jonas Pereira) |
Os
senadores aprovaram ontem (01/11) o projeto de lei da Câmara (PLC
24/2016) que dá à vaquejada, ao rodeio e expressões artístico-culturais
similares o status de manifestações da cultura nacional e os eleva à condição
de patrimônio cultural imaterial do Brasil. A proposta foi aprovada pela manhã
na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), e enviada para votação
de urgência pelo Plenário à tarde. O projeto segue agora para sanção
presidencial.
De
autoria do deputado Capitão Augusto (PR-SP), o PLC 24/2016 foi relatado pelo
senador Otto Alencar (PSD-BA), favorável à matéria. Recentemente, o Supremo
Tribunal Federal (STF) derrubou uma lei do Ceará que regulamentava a prática da
vaquejada por 6 votos a 5. A decisão serve de referência para todo o país.
Além
do relator, defenderam e apoiaram a aprovação da proposta os senadores José
Agripino (DEM-RN), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Sérgio Petecão (PSD-AC),
Raimundo Lira (PMDB-PB), Hélio José (PMDB-DF), Armando Monteiro (PTB-PE), Magno
Malta (PR-ES), Lídice da Mata (PSB-BA), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), Deca
(PSDB-PB), Edison Lobão (PMDB-MA), Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) e outros.
Os
parlamentares destacaram o perfil de tradição secular e a importância das
vaquejadas e rodeios para a economia regional, principalmente nordestina.
Vários deles também afirmaram que a prática constitui um esporte que vem se
aperfeiçoando, reduzindo significativamente os possíveis sofrimentos dos
animais.
Agripino,
por exemplo, argumentou que o animal corre sobre um colchão de 50 cm, sendo
comum a presença de veterinários de plantão. Além disso, segundo o senador,
esporas são proibidas e é utilizado um rabo artificial. Otto Alencar disse que
a prática é uma tradição cultural que está nas raízes do povo nordestino e que
se espalhou por todo o país.
Eunício
Oliveira, bem como outros senadores, como Fernando Bezerra Coelho e Garibaldi
Alves Filho, também classificaram a vaquejada como importante atividade
cultural e econômica. Segundo Eunício, o setor emprega mais de 700 mil pessoas.
Já a senadora Lídice lamentou que o STF tenha proibido a prática sem antes
debater com profundidade a questão junto à sociedade e o Parlamento.
A
senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) foi uma das poucas a discursar contra a
aprovação do projeto. Ela sugeriu que a votação fosse adiada para que houvesse
uma discussão mais aprofundada, mas não obteve sucesso. Para Gleisi, os
senadores estão indo contra decisão do STF que considera a vaquejada
inconstitucional por envolver maus tratos a animais.
A
senadora disse que a atividade envolve “crueldade e dor” e é um “desserviço à
evolução da humanidade”. Ela também colocou em dúvida se a futura sanção desse
projeto terá algum efeito sobre a decisão do STF de proibir a atividade.
“Isso está frontalmente contrário ao que o Supremo Tribunal Federal decidiu: ele
decidiu que é uma atividade inconstitucional por ser uma atividade cruel, e,
por isso, ela deve ser proibida. Então, nós estamos confrontando uma decisão da
Suprema Corte. Nós vamos regulamentar algo que o Supremo Tribunal Federal já
decidiu?”, ponderou.
Gleisi
e os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Reguffe (sem partido-DF), Humberto
Costa (PT-PE) e outros registraram voto contrário ao projeto.
Com
informações Agência Senado
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