Bastava
olhar o celular pra sentir o bafo da campanha eleitoral no cangote. Que alívio
que terminou, né? Convenhamos: enchia o saco, mas, às vezes, até rendia boas
gargalhadas. Fato é que a disputa eleitoral migra rapidamente para as redes
sociais. Tomando gradativamente um espaço antes dominado pela mídia
tradicional, pela rua e pelo programa obrigatório do rádio e TV.
Mas
afinal, fechadas as urnas, sem aquele calor da disputa, até que ponto esse
movimento influenciou na decisão de voto e fez a cabeça do eleitor? Em termos
de quantidade de informação, parece que sim, mas em qualidade…
Fiz
uma pesquisa informal com jovens que votaram pela primeira vez e a grande
maioria diz que acompanhou a eleição mais pelo Whatsapp que pela TV. Também
afirmaram que não dá pra confiar no que circula nas redes. A baixaria dos
ataques da campanha em Fortaleza ajuda a fortalecer a tese da falta de
confiança. A influência do conteúdo digital é relativizada pelo fator
credibilidade.
Na
nossa jovem democracia, é grave a crise de representação. Os políticos, depois
de eleitos, se distanciam dos eleitores e tomam decisões incongruentes com as
propostas de campanha e com a vontade do eleitor. Nesse sentido, a internet é
muito bem-vinda por ajudar a envolver a população no debate sobre os rumos da
política.
Mas
como esperar coisa boa das redes sociais, terreno fértil para maledicências,
fofocas, mentiras? Tudo isso é fruto da própria natureza da Internet: livre,
sem censura. Muitas vezes, como na campanha, as falsas notícias corriam feito
fogo de palha. Mas não passavam no teste da credibilidade. O eleitor, que não é
bobo, só confiava numa postagem depois de vê-la publicada no portal da mídia
tradicional. Isso sim influencia o voto!
O
uso das mídias sociais na política não é, por si, um ganho à democracia. Mas
pode acelerar o amadurecimento da consciência política. É uma tendência no
mundo inteiro. O bom disso tudo é que a realidade impõe um novo modelo de
relacionamento entre políticos e população, quase um novo pacto matrimonial.
Ainda
bem que estas novas formas de comunicação mobilizam e inserem as pessoas no
debate eleitoral. Oxalá possam também diminuir a secular distância entre
políticos e eleitores e mostrar quem é que manda na relação.
Publicado
originalmente no portal O
Povo Online
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