O
Município Altaneira deve receber no próximo ano mais de 6 milhões reais da
União a título recomposição de perdas do extinto Fundo de Desenvolvimento do
Ensino Fundamental (Fundef).
Segundo o Sindicato dos servidores municipais (SINSEMA)
a cifra milionária já é motivo de disputa entre os profissionais do magistério
altaneirense.
Ocorre
que o jornal O Povo publicou levantamento que outros municípios cearenses
receberão recursos ainda este ano e deverão repassar desses recursos cerca de
R$ 82 milhões que seriam gastos na educação para escritórios de advocacia.
Segundo
o jornal, sem licitação, os acordos entre prefeitos e empresas foram firmados
há cerca de uma década para a ação das prefeituras contra a União com objetivo
de receber a complementação da verba indenizatória para investimento na
educação. O pagamento desses advogados seria realizado apenas em caso de ganho
judicial, o que ocorreu neste ano.
Na
prática, entre 15% e 20% desse recurso, em cada um dos Municípios, serão
destinados aos escritórios e à Associação dos Municípios do Estado do Ceará
(Aprece), que é entidade privada. Os precatórios estão agendados para
pagamentos no próximo dia 12 de dezembro.
O
Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), através das promotorias de
justiça ajuizou ações civis públicas com pedidos de tutela de urgência
requerendo a suspensão dos pagamentos de honorários contratuais em favor dos
escritórios. Promotores alegam “uma série de irregularidades” nas contratações.
O
MPCE afirma que foi constatada “contratação direta, ilegal e clandestina”,
configurando “verdadeira contratação particular, sem previsão de cláusulas
obrigatórias típicas de contratos públicos, em que os órgãos de fiscalização
não tiveram conhecimento da existência dos contratos”.
O
promotor de Justiça Francisco das Chagas da Silva, titular da 3ª promotoria de
Justiça da comarca de Barbalha, explica que o percentual de honorários poderia
ter sido menor em caso de concorrência pública para acompanhar os casos dos
municípios. “O percentual é alto até porque já era matéria decidida pelos
tribunais. A ação não requereu tanto esforço dos escritórios. A petição era
genérica”, relembra.
No
mesmo raciocínio do promotor, o procurador da República, Celso Leal, explica
que as ações que pedem as suspensões de pagamento e a obrigatoriedade de gastos
dos recursos somente na educação são com objetivo de “preservar o erário”.
O
presidente do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Chico Aguiar, afirmou
que o órgão vai deliberar nessa semana sobre o que chamou de “pagamentos
vultosos”.
Já
o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE), Marcelo Mota,
afirmou ao O POVO que a dispensa de licitação no caso específico da ação da
verba indenizatória do Fundeb é legítima e está dentro da lei.
“A
contratação pode sim ser dispensada na medida em que exista um serviço
diferenciado. Um advogado levanta uma tese que pode ter êxito, e isso é
aceitado dentro da lei”, argumenta o presidente. Ele afirma ainda que se trata
de um “serviço especializado” por ter sido desenvolvido uma tese, e que esses
municípios não possuíam à época procuradoria constituída para entrar com a ação
judicial contra a União.
O
procurador da República, Celso Leal, por outro lado, discorda alegando que a
tese não é inovadora e que já havia deliberação sobre a questão desde o ano de
2001.
Segundo
ele, a contratação dos escritórios não cumpriu o ditames da lei e que o
procedimento contratual foi feito “escondido na gaveta”. Leal afirma também que
todos os municípios que estão no processo tinham procuradoria constituída e que
não havia necessidade de contratação de escritórios “à margem da lei”.
O Sindicato dos servidores lançou nota sobre o tema, sem divulgar valores, nem data para pagamento, mas que apresentou um esboço de projeto de lei ao prefeito em exercício, visando regulamentar a divisão dos recursos.
Nenhum gestor do Governo Municipal de Altaneira se manifestou sobre os recursos.
Clique aqui e confira a nota do SINSEMA
Clique aqui e confira a nota do SINSEMA
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