“Qualquer
bobagem, dita por qualquer um, viraliza na Internet e é imediatamente assumida
como verdade sem que ninguém se preocupe em saber a fonte da informação”.
Publicada na Folha de S.Paulo no último dia 20, dita pelo ator Wagner Moura em
entrevista, a frase é consequência de notícias que circularam na rede sobre a
falsa negativa de Moura a interpretar o juiz Sérgio Moro em série da Netflix
sobre a Operação Lava Jato.
Como
o boato sobre o ator se iniciou numa coluna de opinião do O Globo, qualquer
julgamento restrito à passividade do leitor diante das manchetes compartilhadas
seria superficial. Veículos jornalísticos têm a obrigação de divulgar
informações verídicas. “É neste momento que precisamos contar com profissionais
que estão sob código de ética”, cobra a especialista em ambientes digitais e
professora de marketing e comunicação, Mariana Ruggeri. Ela integra o Conselho
de Leitores do jornal O POVO.
O
psicólogo e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) Erasmo Ruiz
compreende o ambiente digital como terreno movediço: “Se antes as impressões
demoravam a ser construídas, hoje esse processo é muito rápido, à medida que a
Internet vai se transformando por excelência no principal meio de mediação da
informação”.
Ruiz
lembra o final da década de 1990, nos primórdios da popularização da Internet,
quando as notícias eram proliferadas via email. “Eu, como qualquer outro
internauta, reproduzia essas histórias. Achava que, chegando pra mim, era
verdade”, assume. Hoje, ele assegura ser mais criterioso quanto ao que lê e
toma como verdade.
Aos
consumidores de informação, o jornalista e coordenador do curso de jornalismo
da Faculdade 7 de Setembro (Fa7), Dilson Alexandre, recomenda estabelecer
critérios de leitura. “Todo mundo produz conteúdo, e está difícil filtrar o que
é creditável e o que não é”, analisa.
“A
notícia falsa é deliberadamente difundida com determinado objetivo”, ressalta
Erasmo Ruiz. Estudo feito pelo Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas de
Acesso à Informação da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que, na semana
que antecedeu a votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT),
três das cinco notícias mais compartilhadas no Facebook eram falsas.
Para
Mariana Ruggeri, a divulgação de informação inverídica é mais grave do que
espalhar boato. “Isso porque, por muitas vezes, tem alguma fonte que ninguém se
lembra de checar e sua estrutura ‘confiável’ faz com que nos enganemos”,
alerta.
“Basta
um mal-intencionado hiperconectado e uma rede de ingênuos para uma notícia
falsa se propagar feito rastro de pólvora”.
Dicas
de como atestar a veracidade das notícias?
Ir
além da manchete: Para
saber se uma notícia é ou não verdadeira, o primeiro passo é ler o conteúdo do
texto. Manchetes são pensadas para atrair a atenção do leitor, portanto, é no
texto que aquela informação vai ser desenvolvida.
Analisar
a repercussão: Se
a notícia pouco está repercutindo na mídia dita tradicional, é possível que ela
seja falsa. Procure a mesma informação em outros dois ou três lugares.
Publicado originalmente no portal O Povo Online
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