O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, presidiu a sessão de julgamento (Foto: Edilson Rodrigues) |
Após
seis dias de sessão e mais de 60 horas de trabalho, o Senado Federal decidiu
nesta quarta-feira (31/08), por 61 votos a 20, condenar Dilma Rousseff pelo
crime de responsabilidade e retirar seu mandato de presidente da República. Em
uma segunda votação, foram mantidos seus direitos políticos.
Dilma
Rousseff foi responsabilizada pela edição de três decretos de créditos
suplementar, sem autorização legislativa, e por atrasos no repasse de
subvenções do Plano Safra ao Banco do Brasil, em desacordo a leis orçamentárias
e fiscais.
O
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que presidiu
a sessão de julgamento, lavrou a sentença e determinou que Dilma Rousseff e
Michel Temer sejam comunicados da decisão, tarefa que estará a cargo do
primeiro secretário do Senado, Vicentinho Alves (PR-TO).
Temer
será empossado como presidente da República na tarde desta quarta-feira, às
16h, no Plenário do Senado, como anunciou o presidente da Casa, Renan Calheiros
(PMDB-AL). Dilma Rousseff terá até 30 dias para deixar o Palácio da Alvorada,
residência oficial do chefe de Estado.
Em
uma segunda votação, Dilma Rousseff obteve a manutenção de seus direitos
políticos. Inicialmente, previa-se uma única votação para o impedimento e a
perda de direitos políticos, o que a tornaria inabilitada para o exercício de
qualquer função pública. No entanto, Lewandowski atendeu a pedido de destaque
apresentado pela bancada do Partido dos Trabalhadores, o que levou à realização
de duas votações. Na segunda, 42 senadores votaram pela perda de direitos, 36
pela manutenção e 3 se abstiveram (Veja aqui como votaram os senadores). Para a
inabilitação da agora ex-presidente seria necessária maioria absoluta, ou seja,
pelo menos 54 votos.
O
processo de impeachment foi concluído quatro meses e meio depois de chegar ao
Senado, período marcado por divergências e intensos debates entre aliados e
opositores de Dilma Rousseff. A denúncia apresentada contra ela, pelos juristas
Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal, foi aceita em 2 de dezembro
de 2015 pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e, em meados de abril,
acolhida pelo Plenário daquela Casa.
No
Senado, passou por três votações em Plenário. Na primeira delas, em 12 de maio,
os senadores aprovaram a abertura do processo de impeachment, o que determinou
o afastamento temporário de Dilma Rousseff.
Nos
três meses seguintes, o trabalho se concentrou na Comissão Especial do
Impeachment, responsável por analisar provas da procedência ou não das
acusações.
Presidida
pelo senador Raimundo Lira (PMDB-PB), a comissão realizou 31 reuniões e ouviu
44 testemunhas, 38 delas de defesa. Ao final, foi aprovado relatório elaborado
por Antonio Anastasia (PSDB-MG), recomendando o julgamento da acusada.
Na
madrugada de 10 de agosto, após cerca de 17 horas de sessão, também presidida
por Ricardo Lewandowski, o relatório foi acatado em Plenário, que transformou
Dilma em ré.
Iniciada
na última quinta-feira (25/09), a sessão de julgamento teve início com a arguição
de cinco testemunhas e dois informantes, fase realizada em três dias de
trabalho.
Na
segunda-feira (29/09), Dilma Rousseff teve a oportunidade de apresentar sua defesa
em Plenário e responder a perguntas de 48 senadores, por cerca de 14 horas.
Na
manhã de terça-feira (30/09), foi a vez da manifestação dos advogados de acusação,
Janaína Paschoal e Miguel Reale, e da defesa, José Eduardo Cardozo. No restante
do dia e até a madrugada do dia seguinte, 66 senadores inscritos se
manifestaram da tribuna.
Nesta
quarta-feira, último dia da sessão, o ministro Ricardo Lewandowski fez uma
síntese de seu relatório, com os fundamentos do processo de impeachment, que
contém 72 volumes e mais de 27 mil folhas. A votação que resultou no
impedimento de Dilma Rousseff foi encaminhada pelos senadores Ana Amélia
(PP-RS) e Ronaldo Caiado (DEM-GO), favoráveis ao impeachment, e por Vanessa
Grazziotin (PCdoB-AM), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Humberto Costa (PT-PE),
contrários ao afastamento da presidente.
Na
segunda votação, Kátia Abreu (PMDB-TO), Jorge Viana (PT-AC) e João Capiberibe
(PSB-AP) encaminharam pela manutenção dos direitos políticos da ex-presidente,
ficando a cargo dos senadores pelo PSDB Aloysio Nunes (SP), Cássio Cunha Lima
(PB) e Aécio Neves (MG) as argumentações contrárias.
Com
informações Agência Senado
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