Painel do Senado com o Resultado da votação (Foto: Marcos Oliveira) |
Por
59 votos a 21 o plenário do Senado aprovou ontem (10/08) o relatório do senador
Antonio Anastasia (PSDB-MG) que julga procedente a denúncia contra a presidente
afastada Dilma Rousseff por crime de responsabilidade. Dilma agora vai a
julgamento final pelo plenário do Senado. O resultado da votação foi bastante
próximo do esperado pelo governo do presidente interino Michel Temer.
Integrantes do governo avaliavam que o governo teria cerca de 60 votos
favoráveis pela admissão da pronúncia.
Após
a aprovação do texto, os senadores votaram três destaques propostos pelos
senadores da oposição. O primeiro queria a retirada da denúncia da imputação de
crime de responsabilidade por repasses não realizados ou realizados com atrasos
pelo Tesouro Nacional ao Banco do Brasil, relativos à equalização de taxas de
juros referentes ao Plano Safra, no exercício de 2015. O texto de Anastasia foi
mantido por 58 votos a 22.
Os
outros dois destaques estavam relacionados a decretos de créditos suplementares
sem autorização do Congresso Nacional; o primeiro no valor de R$ 29,9 bilhões e
o segundo de R$ 600 milhões. Os dois destaques foram rejeitados. O primeiro
também por 58 a 22 e o segundo por 59 a 21.
Acusação
e defesa terão que apresentar, no prazo sucessivo de até 48 horas,
respectivamente, o libelo acusatório e sua contrariedade, juntamente com até
cinco testemunhas legais e mais uma extranumerária para cada uma das partes.
Pela
parte da defesa de Dilma, José Eduardo Cardozo disse que vai utilizar as seis
testemunhas. Já Miguel Reale Jr, advogado da acusação, comunicou que entregará
em 24 horas o libelo acusatório e utilizará três testemunhas. A expectativa é
que o julgamento final de Dilma ocorra no final do mês de agosto.
Com
a decisão de hoje, Dilma vira ré no processo de impeachment. Na última etapa,
após o depoimento das testemunhas, os senadores decidirão pela condenação ou a
absolvição de Dilma. Na fase final, é preciso o voto de 54 dos 81 senadores
para confirmar o impedimento. As sessões de julgamento devem ser agendadas a
partir do dia 25 de agosto.
Falaram
pela aprovação do parecer Simone Tebet (PMDB-MS) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
e, contra, os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Jorge Viana (PT-AC). Para o
senador Humberto Costa, o parecer é falho. “É absolutamente falho esse
relatório no sentido de demonstrar que essas pedaladas fiscais possam
representar crime de responsabilidade por serem operações de crédito. Por
último, os decretos. Aqui já foi absolutamente demonstrado que o fato dos
decretos terem sido editados, não houve alteração da meta fiscal, porque a meta
fiscal se mede anualmente. E, no final do ano, ficou novamente comprovado que a
meta foi cumprida”.
Em
sua defesa do parecer, o senador Cassio Cunha Lima disse que o tema está sendo
debatido, discutido e analisado há quatro meses. “Não serão em cinco minutos
que vamos mudar a posição de nenhum dos senadores, de nenhuma das senadoras.
Todos já estão com suas convicções firmadas, e a maioria já manifestada, há
poucos instantes conclui pela prática do crime de responsabilidade, porque,
sim, a presidente Dilma Rousseff cometeu crime de responsabilidade”.
Antes
da votação do parecer, o Senado teve que decidir sobre questão preliminares
colocadas pela defesa de Dilma que foram votadas agrupadas em um destaque.
Segundo o presidente da sessão, ministro Ricardo Lewandowski, as preliminares
devem ser votadas primeiro, para não prejudicar o mérito do parecer.
A
primeira delas, pedia que fosse retirado do relatório de Anastasia a imputação
de crime prevista no Artigo 11, da Lei de Impeachment (Lei 1.079, de 1950),
pela contratação ilegal de operações de crédito com instituição financeira
controlada pela União. A defesa argumentou que esse artigo não foi recepcionado
pela Constituição de 1988, o que invalidaria a imputação.
A
defesa também pediu o arquivamento do processo com o argumento de que Dilma
deveria primeiro ter as contas julgadas pelo Congresso Nacional antes do
processo de afastamento. Além disso, também foi pedida a suspeição do relator,
Antonio Anastasia, com o argumento de que o senador estaria agindo
partidariamente por pertencer ao PSDB. Apesar dos argumentos, o texto de
Anastasia foi mantido por 59 votos a favor e 21 contra.
O
parecer de Anastasia acolheu em parte as denúncias do pedido de impeachment
elaborado pelos advogados Miguel Reale Júnior, Janaína Paschoal e Hélio Bicudo.
A principal acusação é de que Dilma cometeu crime de responsabilidade ao
praticar as chamadas “pedaladas fiscais” – atraso de pagamentos da União a
bancos públicos para execução de despesas. Na avaliação de Anastasia, as
pedaladas configuraram empréstimos da União com bancos que controla, o que é
proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Com
informações Agência Brasil
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