Pedir
um emprego para o filho recém-formado, uma consulta médica para a mãe doente ou
só uma “ajudinha” para reformar a casa. Quando feitas em época eleitoral,
oficialmente entre o registro da candidatura e o dia do pleito, as súplicas a
candidatos são mais que “favores”: de acordo com a lei, configuram crimes
passíveis de multa, cassação do registro e até prisão. E não são só os
postulantes a cargos eletivos que podem ser punidos, quem oferece seu voto em
troca de vantagens pessoais também.
A
expectativa de juízes e de promotores eleitorais e de políticos e
especialistas, porém, é de que este pleito reduza o que eles avaliam que se
tornou “prática comum” no Estado. Além de maior fiscalização, as novas regras
eleitorais diminuem a receita das campanhas, com a proibição do financiamento e
o limite de gastos, e facilitam a fiscalização.
“Eu
acho que nessa eleição, os promotores e juízes, terão mais elementos legais
para chegar nisso (compra de voto)”, afirma o desembargador Abelardo Benevides
Moraes, presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE).
Para
o promotor André Tabosa, da comarca de Massapê, o candidato vai perceber que,
com a fiscalização, a compra se torna mais arriscada e “não vale a pena”. Mas o
esforço para o combate dessa prática não adianta se “o eleitor não tomar a
consciência de que o voto dele não é mercadoria”.
A
conscientização também é bandeira da Ordem dos Advogados do Brasil do Ceará
(OAB-CE). Segundo Rafael Reis, presidente da Comissão de Ética na Política e
Combate à Corrupção da OAB-CE, a Ordem está organizando outra iniciativa para
esclarecer que “a venda de votos também é crime”.
Professora
de Direito Eleitoral na Universidade Federal do Ceará (UFC), Raquel Machado
explica que o comércio do voto “decorre muito do fato do Brasil ser um país
muito desigual” e da “falta de poder econômico do povo”. Para ela, o
enfrentamento a essa prática requer mais que fiscalização e punição, mas
“educação política”.
Até
as políticas públicas, avalia a professora, são afetadas pela ação. “Se o
eleitor não vendesse o voto dele, o candidato saberia que esse voto estaria
condicionado ao comportamento dele ao longo do mandato. Quando ele vende o
voto, acha que pode fazer o que quiser”. Quem tem o mesmo pensamento é o
deputado estadual Renato Roseno (Psol), que diz que “a compra de voto é o
desprezo total à democracia”.
Para
o presidente do PSB no Ceará, deputado federal Danilo Forte, “isso é cultural”
e “o pedido (de vantagens pelo eleitor) não vai diminuir, principalmente nas
populações mais empobrecidas”. Já o presidente estadual do PDT, André
Figueiredo, diz que as mudanças nas leis “vão inibir” o comércio de votos, mas
isso vai exigir “muitos esforços”.
Com
informações O Povo Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.