7 de julho de 2016

Dilma sobre Temer: "Um usurpador golpista"

Imagem compartilhada na rede social Facebook com o áudio da entrevista
Em entrevista exclusiva ao O POVO no Rádio, na manhã de ontem, a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) voltou a criticar o ex-aliado político, e agora presidente em exercício, Michel Temer (PMDB). Ao âncora do programa da rádio O POVO/CBN, o jornalista Luiz Viana, a petista justificou a escolha do peemedebista para o posto de vice-presidente por duas vezes na chapa eleitoral: “Nós todos (do PT) supúnhamos que o Temer era um democrata, e não imaginávamos que ele era um usurpador golpista”.

Há quase dois meses afastada das funções na Presidência da República, Dilma ainda nutre esperanças de reverter o placar no Senado Federal ao fim do julgamento do processo de impeachment. Ela não descarta a possibilidade de realizar um plebiscito para a decisão sobre a realização de novas eleições, no caso de um possível retorno ao cargo.

“Eu acredito que volto porque luto por isso. Eu acredito que qualquer processo de garantia democrática, de resgate democrático no Brasil, passa pela minha volta. Não estou nessa luta para preservar o meu mandato, estou para preservar a democracia”.

Durante os 35 minutos de entrevista ao vivo, a presidente afastada reafirmou o discurso que já vem consolidando desde o início do processo de afastamento e das tensões políticas entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. Dilma voltou a chamar de “golpe” o processo de deposição do seu mandato e afirmou que qualquer acordo com Temer seria necessariamente uma aliança com o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB) - em razão da grande influência que exerce em parte do PMDB.

“A cada dia que passa fica mais claro que qualquer acordo nunca é com o Temer, e sim com o Cunha. A relação forte é do Cunha em relação ao PMDB do Temer”. A assessoria do presidente em exercício afirmou que não comentaria as declarações de Dilma.

No intuito de reforçar o discurso do PT na Comissão de Impeachment no Senado, ela citou a perícia apresentada por técnicos do Senado para se defender das acusações de que seria a responsável pelas chamadas “pedaladas fiscais”, o atraso no repasse de recursos da União para os bancos públicos. Os técnicos concluíram no final do mês passado que houve irregularidade na assinatura dos decretos suplementares sem aprovação do Congresso Nacional, mas que não houve ação direta de Dilma no atraso dos pagamentos.

Rousseff criticou ainda os chamados “vazamentos seletivos” da Operação Lava Jato, responsável pelas investigações de nomes ligados ao seu governo e ao do peemedebista Temer. “Os vazamentos seletivos evidenciavam que tudo era o PT, tudo era o governo. Houve pessoas que foram, de certa forma, hipócritas porque não reconheceram que no governo deles houve corrupção”.

Pouco tempo após a entrevista, o advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo, leu carta de defesa da presidente afastada no julgamento. A petista desistiu de se defender pessoalmente.


Com informações O Povo Online

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