O blogueiro Júnior Carvalho é adepto do autorretrato (Foto: Divulgação/Facebook) |
Costuma
tirar fotografias a si por tudo e por nada? E a seguir vai a correr publicá-las
nas redes sociais? E critica as dos outros mas não consegue deixar de adorar as
suas? Se for o caso modere o seu grau de narcisismo: a foto pode não ser assim
tão agradável à vista nem mostrar alguém tão atraente como julga.
Esta
é a principal conclusão de um estudo recente sobre a forma como as pessoas que
usam e abusam das selfies nas redes sociais olham para si próprias - com uma
valorização desfasada da realidade, exageradamente positiva. Narcisista.
Segundo
esta pesquisa do departamento de psicologia da Universidade de Toronto, no
Canadá, publicada no jornal Social Psychological and Personality Science, quem
tira e partilha pelo menos um autorretrato por semana enquadra-se no grupo dos
que não desperdiçam uma oportunidade para se exibirem. E esses, explica o
psicólogo Daniel Re, um dos autores do estudo, "pensam que estão a fazer
um bom trabalho, mas, ironicamente, podem parecer mais narcisistas e menos
atraentes" aos olhos dos outros.
Os
investigadores chegaram a esta conclusão com base num inquérito realizado a
três grupos distintos: cerca de 100 adeptos de selfies, outros tantos
convidados a experimentar o autorretrato mesmo não tendo esse hábito e um
terceiro grupo independente de 200 pessoas. Além da selfie, os dois primeiros
grupos deixaram-se fotografar por um fotógrafo.
Numa
escala de 1 a 7 para quantificar o quão atraentes surgiam nas selfies e até que
ponto elas eram agradáveis à vista, os autorretratados do primeiro grupo
avaliaram as suas imagens com melhores notas do que os do segundo grupo. E bem
acima da valorização que deles fez o grupo independente, quer ao nível da
atratividade da pessoa fotografada, quer ao nível da agradabilidade da imagem,
os dois parâmetros em análise.
As
fotos que tiraram a eles próprios também mereceram uma avaliação superior
àquelas cujo disparo foi realizado pelo fotógrafo, enquanto no segundo grupo as
duas fotografias foram cotadas num plano similar, independentemente de quem as
tirou.
Dentro
dos 100 'praticantes' de selfies, um outro dado surpreendeu Daniel Re.
"Eles parecem cientes de que as pessoas não gostam de ver um monte de
selfies dos outros, mas quando se pergunta a quem odeia selfies como avalia as
suas, dão-lhes uma nota alta – quase como se esquecessem o que tinha acabado de
dizer", afirma o psicólogo ao site da Universidade de Toronto.
Publicado
originalmente no portal Visão
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