Foi
um dia de derrotas para o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ). No processo mais longo de sua história (oito meses após a
apresentação da denúncia), o Conselho de Ética da Câmara aprovou ontem (14/06) parecer favorável à cassação do mandato do parlamentar.
Por
11 votos a 9 e após muito bate-boca, o colegiado confirmou relatório do
deputado Marcos Rogério (DEM-RO), para quem não faltam provas de que Cunha
quebrou o decoro parlamentar ao omitir a existência de contas no exterior que,
segundo a Procuradoria-Geral da República, foram abastecidas em parte com dinheiro
do petrolão. “Estamos diante do maior escândalo que esse colegiado já julgou”,
disse Marcos Rogério.
Cunha
só perderá o mandato, porém, caso o plenário da Câmara confirme o parecer do
Conselho com o voto de pelo menos 257 dos seus 512 colegas. A votação é aberta,
e deputados afirmam que não deve ocorrer em menos de três semanas, por causa
dos prazos de publicação do resultado e de recurso à Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ).
O
voto decisivo foi dado pela deputada Tia Eron (PRB-BA), que sofreu intensa
pressão nos últimos dias, faltou à sessão de votação na semana passada e era
considerada pelos aliados de Cunha como apoio certo para salvar o mandato do
peemedebista. Wladimir Costa (SD-PA), um dos mais ardorosos defensores de
Cunha, mudou o voto e apoiou a cassação após a decisão de Tia Eron.
Segundo
o relator, “para determinar se Eduardo Cunha é ou não titular da conta [da
Suíça], basta fazer como ensina o caso Watergate [que levou à renúncia de
Richard Nixon]: seguir o dinheiro, o caminho do dinheiro é revelador, mostra
quem é o dono, quem tem as senhas, quem movimenta a conta, a quem o banco deve
mandar correspondências e a quem deve prestar contas. Ora, não é adequado
premiar a esperteza em detrimento da verdade”.
A
decisão de ontem não representa o fim da linha para Cunha. Sua defesa irá
recorrer à CCJ, a principal da Casa, para tentar anular a votação. O argumento
é o de que o Conselho de Ética praticou variados atentados processuais durante
a tramitação do caso.
Além
disso, seus aliados tentarão aprovar no plenário da Câmara dos Deputados uma
punição mais branda, como a suspensão do mandato por três meses.
Para
isso, a tropa de choque de Cunha conta com a alteração das regras para cassação
dos mandatos. Por iniciativa de Waldir Maranhão, presidente interino da Casa, a
CCJ deve votar nos próximos dias parecer que, entre outras coisas, permitirá a apresentação
de emendas ao relatório aprovado pelo colegiado durante a votação no plenário.
Aliados
ainda tentam convencer Cunha a renunciar à presidência da Câmara como forma de
dar aos deputados argumento para votar a favor de uma punição mais branda.
Minutos
após a votação do Conselho de Ética favorável à sua cassação, o deputado
federal afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sofreu novo revés: a Justiça Federal
no Paraná determinou a indisponibilidade de todos os bens e contas do
parlamentar e de sua mulher, Cláudia Cruz.
Com
a decisão, os dois não poderão vender imóveis, veículos, nem movimentar contas
bancárias em seu nome ou em nome das empresas C3 Produções Artísticas e Fé em
Jesus, ambas de propriedade do casal.
O
despacho foi assinado pelo juiz federal Augusto César Pansini Gonçalves, da 6ª
Vara Federal de Curitiba, onde corre a ação de improbidade administrativa
proposta pela força-tarefa da Operação Lava Jato. O magistrado entendeu que
"há indícios de que os réus agiram de forma ímproba". O juiz também
determinou a quebra do sigilo fiscal de Cunha desde 2007 – segundo ele,
"com o objetivo de apurar, em nome de interesse público evidente, já que
se trata de uma autoridade federal, com mais profundidade e exatidão os fatos
aqui questionados".
Com
informações O Povo Online
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