O
jornal O Globo publicou ontem a seguinte declaração minha onde afirmo que novos
fatos políticos irão influenciar minha decisão sobre o impeachment e que meu voto
final estará amparado em questões técnicas e no que for melhor para o país.
A
declaração não foi compreendida por todos, então, explico...
No
último dia 12 de maio, votei SIM para que o Brasil pudesse continuar
caminhando. Enxerguei meu país afundado numa profunda crise de governabilidade,
nadando em um mar de corrupção e, não menos importante, mergulhado em graves
suspeitas de crime de responsabilidade cometidos pela presidente afastada Dilma
Rousseff. Votei sim para que tivéssemos a oportunidade de aprofundar as
investigações.
De
hoje, até o fim do julgamento, temos dois meses para chegarmos a uma conclusão
definitiva quanto ao crime de responsabilidade. Enquanto isso, o presidente
interino, Michel Temer, tem a oportunidade de dar uma resposta aos anseios da
população e uma “nova cara” ao Brasil. É pouco tempo? Sim. Mas quando se está
em crise, até um dia faz diferença e o governo Temer não tem o direito de
cometer os mesmos erros da Dilma.
Nas
semanas que precederam a votação da admissibilidade do impeachment no Senado,
uma expressão muito usada para justificar o voto sim foi o “conjunto da obra”.
Desta forma, deixava-se claro que não só os crimes de responsabilidade estavam
sendo julgados, mas também os casos de corrupção, o colapso da economia e o alto
índice de desemprego. Na votação definitiva, novamente o “conjunto da obra”
estará em jogo.
Os
primeiros dias do governo interino não foram como deveriam ser. No lugar de
ministros “notáveis”, conforme Temer prometeu, tivemos ministros investigados.
Vimos ministérios estratégicos para o país serem fundidos e perderem
relevância, como o fundamental Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação.
Assim como a extinção do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos
Direitos Humanos. Temas relevantes e tão caros ao país, como o das pessoas com
deficiência perderam relevância e foram abrigadas no Ministério da Justiça e
Cidadania. Além da já anunciada extinção do Ministério da Previdência Social,
órgão responsável pela elaboração de políticas, gestão e fiscalização de
importantes benefícios sociais. Houve ainda a extinção Controladoria-Geral da
União que, de certa medida, prejudica o combate à corrupção. Defendo o
enxugamento da máquina pública e redução de custos do governo, mas não acredito
que estas tenham sido as melhores alternativas.
Todos
vocês me conhecem, fui crítico ao governo Dilma. E não serei diferente agora,
este é um dos meus papéis.
Estou
na política há cinco anos, mas vale lembrar que pressão não é nenhuma novidade
para mim, vivo sob ela desde os 18 anos de idade. Meu mandato é pautado de
dentro para fora e não de fora para dentro. Tenho acesso a todas as informações
e ferramentas necessárias para tomar essa importante decisão e farei o que for
melhor para o país.
Aproveito
para anunciar que abri mão da vaga de titular da Comissão do Impeachment. De
agora em diante, vou acompanhar os trabalhos como não membro, já que isso é
possível. Sou presidente da Comissão de Educação, da CPI do Futebol e atuo em
importantes causas sociais que não podem ser deixadas de lado.
Finalizo
esclarecendo que não há que se falar em mudança de voto porque são dois votos
distintos. No primeiro, votei pela continuidade da investigação. O segundo e
definitivo voto será para julgar o crime de responsabilidade, que eu farei,
como sempre, guiado pela minha consciência e buscando o melhor para o Brasil.
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