Entre
a minha terra natal e a terra que me acolheu, um dilema: a quem homenagear na
hora da escolha do Patrono da minha cadeira na Academia de Letras do
Brasil/Ceará. Mas o amor à terra natal falou mais alto. Euclides Nogueira
Santana – Seu Quido, foi a escolha. Escolha justa!
Seu Quido sempre esteve presente na vida da minha família paterna. Já era homem de muita influência na cidade de Altaneira quando os meus parentes paternos chegaram a cidade advindos de outras paragens. Não obstante, foi o vizinho desta mais nova família recém-chegada naquele município. E, como se o destino não os quisesse separar, quando membros das duas famílias migraram para o estado de São Paulo, na busca por dias melhores, naquele Estado, passaram a viver com certa proximidade.
Enquanto
isso, Seu Quido, em Altaneira, cuidava do município através dos seus dotes
medicinais. Por isto foi homenageado nomeando o Hospital Municipal.
Esteve
sempre presente na minha infância, cuidando da minha saúde. Visitava minha casa
a cada quinze dias quando nos trazia bananas do seu sítio para que vendêssemos
a comunidade altaneirense.
Visitava
a minha avó sempre que chegava de São Paulo em visita aos seus filhos. Na
viagem, sempre visitava também os meus tios e deles nos trazia notícias. Quanto
a sua presença na minha família, já não tenho dúvida nenhuma.
Seu
Quido foi político; prefeito, vice-prefeito, vereador por muitos mandatos e
presidente da Câmara Municipal de Altaneira. Como farmacêutico, salvou o povo
altaneirense em todos os momentos onde a medicina se fez presente; atendeu o
nosso povo antes de existir o hospital da Fundação José Furtado Leite, atendeu
depois do hospital existir e não ter médico todos os dias, atendeu nas diversas
vezes em que a prefeitura não firmou convênio com a Fundação e o hospital
fechou; atendeu todas as madrugadas de chuva em que foi procurado, atendeu até
a morte na FARMANOSSA. Como historiador, foi o homem mais inteligente que eu
pude conhecer. Jamais foi procurado para ser entrevistado para decepcionar os
seus entrevistadores. Não falo da história de Altaneira, isso ele sabia de cor
porque dela participou ativamente, mas falo da história do Brasil, do Ceará e
do Cariri. Numa entrevista feita sobre a malária no Ceará, Seu Quido pode me
dar mais informações do que conhecia o IMOPEC - Instituto da Memória do Povo
Cearense. Sabia muito. Sabia de tudo. Sabia tanto quanto tinha serviço prestado
ao povo Altaneirense.
No
entanto, quero aqui ressaltar os seus dotes poéticos. Enquanto poeta, está
imortalizado como autor do Hino Municipal de Altaneira, obra que assina a letra
sob música do Padre David Augusto Moreira.
Estou
certo de ter descrito o meu Patrono da mais maneira mais completa possível em
poucas linhas. No entanto, não fico por este, impedido de escrever a sua vida e
obra quando já assentado em uma das cadeiras da Academia de Letras do
Brasil/CE.
E
para que se fundamente a minha escolha, a mais nova denominação a este grande
vulto histórico altaneirense – Poeta Euclides Nogueira Santana.
Francisco
Adriano de Sousa é poeta, membro da Sociedade
dos Poetas de Araripe-SPA, do Instituto
Cultural do Vale Caririense-ICVC e da Academia
de Letras do Brasil/Ceará-ALB/CE
A imagem que ilustra o artigo é de Heloisa Bitu do Ensaio Fotográfico Altaneira Meio Século
A imagem que ilustra o artigo é de Heloisa Bitu do Ensaio Fotográfico Altaneira Meio Século
Do que relatou sobre Seu Quido, é
ResponderExcluirMuito merecida a homenagem. Voltarei a dormir até blogue, talvez possa ter material para meu romance Noite em Paris que está sendo publicado no blogue de mesmo nome. É incrível mas quase toda cidade brasileira tem o seu Quido, eu mesmo conheço uns cinco, pessoas abnegadas que cuidam mais dos outros que de sí.