Para Waldir Maranhão, a decisão de anular as sessões ocorreu em respeito à continuidade do processo de impeachment (Foto:Fabio Rodrigues Pozzebom) |
O
presidente interino da Câmara dos Deputados, deputado Waldir Maranhão (PP-MA),
anulou ontem (09/05) as sessões do dias 15, 16 e 17 de abril, quando os
deputados federais aprovaram a continuidade do processo de impeachment da presidenta
Dilma Rousseff. Ele acatou pedido feito pela Advocacia-Geral da União
(AGU).
Com
a aprovação na Câmara, o processo seguiu para o Senado. Waldir Maranhão
solicitou ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a devolução dos
autos do processo. O presidente interino da Câmara determinou nova sessão para
votação do processo de impeachment na Casa, a contar de cinco sessões a partir
de ontem (09/05).
Waldir
Maranhão, que assumiu a presidência após afastamento de Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), acolheu os argumentos do advogado-geral da União (AGU), José Eduardo
Cardozo, por entender que ocorreram vícios no processo de votação, tornando-a
nula.
Ele
considerou que os partidos políticos não poderiam ter fechado questão ou
orientado as bancadas a votarem de um jeito ou de outro sobre o processo de
impeachment. “Uma vez que, no caso, [os deputados] deveriam votar de acordo com
suas convicções pessoais e livremente”, diz nota do presidente interino
divulgada à imprensa.
Maranhão
também considera que os deputados não poderiam ter anunciado publicamente os
votos antes da votação em plenário em declarações dadas à imprensa. Considerou
ainda que o resultado da votação deveria ter sido formalizado por resolução,
como define o Regimento Interno da Casa.
No
final da tarde de ontem (09/05) o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), anunciou a decisão de manter o trâmite do processo de impeachment da
presidenta Dilma Rousseff no Senado. Renan decidiu ignorar a decisão do
presidente em exercício da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), que
anulou a sessão da Câmara que aprovou a continuidade do processo.
Renan
Calheiros disse que não procede a argumentação de Waldir Maranhão sobre a forma
que a decisão da Câmara deveria ter sido comunicada ao Senado. "Aceitar
essa brincadeira com a democracia seria ficar pessoalmente comprometido com o
atraso do processo. Ao fim e ao cabo, não cabe ao presidente do Senado Federal
dizer se o processo é justo ou injusto", disse o presidente do Senado.
Com
isso, Renan Calheiros determinou que o relator do processo na Comissão Especial
do Impeachment do Senado, Antonio Anastasia (PSDB-MG), faça a leitura do seu
relatório pela admissibilidade do processo no plenário da Casa. Após a leitura,
começará a contar o prazo de 48 horas para que os senadores votem a
admissibilidade e o afastamento imediato da presidente, o que deve ocorrer na
quarta-feira (11/05).
Após
a decisão do presidente do Senado, o presidente em exercício da Câmara concedeu
entrevista coletiva e disse que a decisão tomada a partir do recurso
apresentado à Câmara pela Advocacia-Geral da União teve por objetivo corrigir
“vícios” que poderiam se tornar “insanáveis” no futuro.
“Nossa
decisão foi com base na Constituição, com base no nosso regimento e para que
possamos corrigir, em tempo, vícios que certamente poderão ser insanáveis no
futuro. Tenho consciência do quanto esse momento é delicado. É o momento em que
temos o dever de salvar a democracia pelo debate”, justificou o presidente em
exercício da Câmara. “Não estamos e nem estaremos, em momento algum, brincando
de fazer democracia”, acrescentou Maranhão em comunicado à imprensa no gabinete
da presidência da Câmara.
Segundo
ele, a decisão de anular as sessões da Câmara nas quais foi discutida e votada
a admissibilidade do processo de afastamento da presidenta Dilma Rousseff
ocorreu em respeito à continuidade do processo de impeachment.
Com
informações Agência Brasil
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