Eduardo Cunha e Waldir
Maranhão em sessão da Câmara (Foto: Pedro Ladeira)
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O
imbroglio que tem envolvido a tramitação do processo de impeachment da
presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional encontrará justificativa, muito
provavelmente, na forma atabalhoada como tudo começou, lá naquele 2 de dezembro
de 2015.
É
muito possível que o pedido acolhido estivesse bem lastreado nas suas
fundamentações, considerado o peso jurídico das três figuras que o assinam, mas
o então presidente Eduardo Cunha fez todo o possível para dar maior evidência
aos motivos político-pessoais de sua decisão.
Anunciada,
lembre-se, pouco mais de duas horas depois de o PT oficializar que seus três
votos no Conselho de Ética seriam pela abertura de processo de cassação contra
o peemedebista, hoje afastado do mandato e do cargo.
Cunha
é conhecido pela frieza política, pela capacidade de escolher sempre o momento
mais apropriado para agir, o que pode dar sentido à atitude de criar
proximidade entre dois fatos que no mundo ideal deveriam guardar distância
respeitosa entre si.
O
novo capítulo da novela sem fim na qual se transformou a crise do impeachment,
com a tentativa do interino Waldir Maranhão, ontem, de zerar o processo através
de uma canetada, parece em consonância com o que tem acontecido desde o
primeiro momento.
Lamentavelmente,
o esforço brasileiro das últimas três décadas para se demonstrar ao mundo uma
democracia confiável e estável, esvai-se um dia após o outro. Pior, num enredo
em que não há mocinhos pelos quais possamos torcer.
Publicado
originalmente no O Povo Online
Guálter
George, editor-executivo de Conjuntura do Jornal O Povo
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