Reunião da Comissão Especial do Senado por ocasião da discussão do Relatório (Foto: Agência Senado) |
A
Comissão Especial do Impeachment no Senado aprovou ontem (06/05) o parecer do
relator, Antonio Anastasia (PSDB-MG), favorável à admissibilidade do processo
de afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Foram 15 votos a favor e cinco
contra. O presidente da comissão, Raimundo Lira (PMDB-PB), não votou, porque,
em geral, ele só vota em caso de desempate.
O
resultado, anunciado pelo presidente da comissão, senador Raimundo Lira
(PMDB-PB), deverá ser lido no plenário da Casa na sessão ordinária marcada para
as 14h da próxima segunda -feira (09/05).
A
leitura marca também o começo da contagem do prazo de 48 horas para deliberação
da fase de admissibilidade do processo no plenário pelos 81 senadores, o que,
de acordo com o calendário votado no início dos trabalhos da comissão especial,
deve ocorrer na quarta -feira (11/05). Assim como ocorreu na comissão especial,
no plenário a votação é por maioria simples, ou seja, metade mais um dos
senadores presentes. Se aprovado o parecer de Anastasia no plenário da Casa, a
presidenta Dilma será notificada e imediatamente afastada do cargo por 180
dias. Com isso, quem assume é o vice-presidente Michel Temer.
No
prazo de 180 dias, o impeachment deve ser aprovado pelo plenário do Senado. A
votação, desta vez, será comandada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF) e exige votos de dois terços (54 dos 81 senadores) para a condenação.
Em
caso de absolvição, a presidenta reassume o mandato de imediato. Se condenada,
Dilma é automaticamente destituída e Temer assume até o fim do mandato.
Antes
da decisão, senadores da base aliada e da oposição encaminharam votos em nome
das bancadas. Pela Bloco da Oposição e em defesa do relatório do senador
Antonio Anastasia (PSDB-MG), o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) encaminhou o
voto sim.
Ao
reforçar argumentos pelo impeachment, o tucano destacou que a lei tem de valer
para todos, inclusive para presidentes da República. O parlamentar acrescentou
que o impeachment não trata da honestidade de quem quer que seja, não julga
crimes comuns, mas é um "remédio amargo" para punir o governante com
seu afastamento.
O
senador Zezé Perrela (PTB-MG) também defendeu o relatório de Anastasia e
encaminhou o voto sim. Perrela defendeu a adoção do parlamentarismo no Brasil e
justificou a defesa do impeachment “por tudo que aconteceu no país nos últimos
tempos”.
Perrela
avaliou ser inadmissível um governo cobrar juros de 12% a 13% e emprestar para
empresários, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), pela metade dessa taxa, segundo ele, com carência de uma década para
começar a pagar. “Voto a favor dos 11 milhões de trabalhadores desempegados,
voto pela esculhambação que a Lava Jato está nos mostrando”, justificou.
Em
defesa da presidenta, a primeira a encaminhar voto contrário à admissibilidade
do processo foi a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). Segundo ela , Dilma é uma
presidenta "que não dá tapinha nas costas e não está afeita aos jogos da
política". Ela enfrentou "gente grande e corporações fortes",
completou a senadora.
Ex-ministra
chefe da Casa Civil de Dilma, Gleisi afirmou que Dilma desafiou as elites brasileiras
ao investir em programas sociais e destacou programas do governo como o Minha
Casa, Minha Vida, o Mais Médicos e o Ciência sem Fronteiras.
Ao
acrescentar que a presidenta também assegurou medidas para garantir a
transparência e a administração pública, Gleisi Hoffmann destacou a
continuidade das investigações de corrupção que, segundo a senadora, garantiram
a independência da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
O
11º senador a se pronunciar foi o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB). Ele
afirmou ter certeza de que o Senado "não faltará ao povo brasileiro".
Engrossando o coro dos que apoiam a admissibilidade do processo, Cunha Lima
destacou “que todo processo de impeachment é traumático e doloroso e que o
processo em curso não foge à regra".
Uma
das grandes defensoras da presidenta Dilma no Senado, a senadora Vanessa
Grazziotin (PCdoB-AM) encaminhou voto não ao relatório de Anastasia e disse que
tomar a atitude mais fácil nem sempre é o mais justo. Vanessa voltou a falar
que afastar a presidenta significa golpe e que essa discussão nunca será
superada.
“Quem
denuncia relata o processo. O que é isso se não um colégio eleitoral de
exceção”, questionou Vanessa, ressaltando que "denúncia saída da sede do
PSDB e que custou R$ 45 mil não é legitima".
Com
informações Agência Brasil
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