Dilma no Palácio do Planalto por ocasião de declaração à imprensa (Foto: Valter Campanato) |
Um
dia após a Câmara dos Deputados aprovar a abertura do seu processo de impedimento,
a presidente Dilma Rousseff disse que se sentiu indignada e injustiçada com a
decisão.Ela reafirmou que o processo não tem base de sustentação, repetindo que
não cometeu crime de responsabilidade.
Dilma
contou que assistiu a todas as intervenções dos deputados durante a votação e
não viu “uma discussão sobre o crime de responsabilidade, que é a única maneira
de se julgar um presidente no Brasil”.
“Injustiça
sempre ocorre quando se esmaga o processo de defesa, mas também quando, de uma
forma absurda, se acusa alguém por algo, primeiro, que não é crime, e segundo,
acusa e ninguém se refere a qual é o problema”, disse.
Recorrendo
à Constituição, a presidenta disse que o impeachment está previsto, mas “é
necessária existência de crime de responsabilidade, para que a pessoa possa ser
afastada da Presidência da República”.
Ao
repetir várias vezes a palavra injustiça, Dilma disse que poderia bater em
apenas uma tecla, de que não há crime, mas afirmou que é importante porque “é a
tecla da democracia”.
"Os
atos pelos quais me acusam foram praticados por outros presidentes antes de mim
e não foram considerados atos ilegais ou criminosos. Portanto, quando me sinto
indignada e injustiçada, é porque a mim se reserva um tratamento que não se
reservou a ninguém. Atos baseados em pareceres técnicos. Nenhum deles beneficia
a mim diretamente. Não são atos praticados para que eu enriquecesse
indevidamente", afirmou.
Fazendo
menção indireta ao presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, ela afirmou
que “aqueles que têm conta no exterior” presidiram o processo. Ela declarou que
possui a “consciência” que não há ilegalidade nos atos que assinou e motivaram
o pedido de impeachment.
"Não
os fiz ilegalmente e baseado em nenhuma ilegalidade. Tenho certeza que sabem
que é assim. Todos sabem que é assim", disse.
Está
é a primeira declaração pública de Dilma após os deputados aprovarem nesse
domingo (17/04), por 367 votos, o prosseguimento do processo contra ela. Se a
admissibilidade do afastamento for aprovada também pelos senadores, como foi na
Câmara, a presidenta será afastada por até 180 dias, enquanto o Senado analisa
o processo em si, e define se Dilma terá o mandato cassado.
Nesta
segunda-feira (18), a presidenta recebeu líderes da base aliada na Câmara dos
Deputados para debater estratégias. Após o encontro, o líder do governo na
Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que a luta para barrar o
impeachment no Senado está “apenas começando”.
Com
informações Agência Brasil
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