O
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu ontem (13/05)
que a votação do processo de admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma
Rousseff começará pelos deputados do Sul do país, estado por estado, até chegar
aos da Região Norte.
Na
interpretação que fez do parágrafo quarto, do Artigo 187, do Regimento Interno
da Câmara, Cunha definiu que, dentro de cada estado, a chamada seguirá a ordem
alfabética. Com isso, o primeiro deputado a manifestar o voto será Afonso Hamm
(PP-RS). A deputada Shéridan (PSDB-RR) será a última a votar.
A
decisão de Cunha foi lida na sessão desta quarta-feira pelo primeiro-secretário
da Casa, deputado Beto Mansur (PRB-SP). “Não há razão lógica e jurídica para
aplicar, agora, o procedimento definido no caso [do ex-presidente Fernando]
Collor [de Mello] para a chamada nominal por ordem alfabética dos nomes dos
deputados. Para evitar dúvidas, considero importante dizer que o processo de
votação da comissão especial, a ser seguido pelo plenário, não foi objeto de
apreciação da ADPF 378, pelo Supremo Tribunal Federal, porque se trata de
questão, indiscutivelmente, interna corporis, insuscetível de apreciação
jurisdicional”, disse Cunha na justificativa.
Deputados
da base aliada ao governo criticaram a decisão e acusaram o presidente da
Câmara de tentar manipular o resultado da votação para criar um efeito
pró-impeachment, influenciando a votação dos últimos a serem chamados. Na
avaliação dos governistas, a chamada deveria ser iniciada pelos estado da
Região Norte.
“Em
nenhuma medida está previsto no Regimento da Casa que essa alternância [da
ordem da chamada dos estados] se dê entre uma votação pretérita e a votação
atual. O que exigimos é que o regimento seja cumprido e no sentido de que, na
mesma votação, o presidente chame um estado do Sul e um do Norte”, afirmou a
deputada Maria do Rosário (PT-RS).
Ao
fundamentar a decisão, Cunha alegou que iniciar a votação pelos deputados dos
estados da Região Sul não fere o regimento. Em relação à expressão que consta
no regimento “alternadamente, do Norte para o Sul e vice-versa”, o presidente
da Casa argumentou que a alternância poderia dar a entender que, caso fosse
chamado um deputado de um estado do Norte, o seguinte seria de um estado do
Sul.
“Ocorre,
no entanto, que não foi essa a interpretação que prevaleceu durante todos esses
anos. A orientação que se firmou é que essa alternância entre Norte e Sul seria
entre votações, distintas, e não na mesma”, diz trecho da decisão de Cunha lida
pelo primeiro-secretário.
Ainda
na justificativa, Eduardo Cunha citou uma votação por chamada nominal, ocorrida
em 2001. Na ocasião, os deputados foram chamados do Sul para o Norte, e a
votação foi iniciada pelo deputado Alceu Collares, do Rio Grande do Sul. Em
outra votação, em 15 de fevereiro de 2005, acrescentou Cunha, houve nova
votação com chamada nominal, inciada pelo Norte, com o deputado Alceste
Almeida, de Roraima.
“De
2005 até hoje, não houve nenhuma votação que tenha adotado o mesmo procedimento
[chamada nominal]. Logo, a próxima votação com esse mesmo procedimento deverá
seguir a ordem de chamada dos deputados do Sul para o Norte”, concluiu o
presidente da Câmara.
Amanhã
(15/04), os trabalhos serão abertos com a fala dos autores da denúncia e a
manifestação da defesa da presidenta Dilma Rousseff. Será concedido prazo de 25
minutos para ambas as partes. Depois disso, cada um dos 25 partidos com
representação na Câmara e os líderes da maioria e da minoria terão uma hora
para discussão. Esse tempo poderá ser dividido com até cinco parlamentares,
independentemente do tamanho da bancada.
Pelo
cronograma, serão necessárias, pelo menos, 28 horas para a discussão inicial.
Com isso, a discussão iniciada na sexta poderá se prolongar até as 13h de
sábado (16), ultrapassando o horário previsto por Cunha para início da sessão
deste dia, 11h. Os trabalhos no sábado começam com a fala dos deputados que se
inscreverem no dia anterior (de 9h às 11h) para discutir o relatório. No
sábado, todos os líderes terão direito a falar por suas bancadas pelo tempo
correspondente ao tamanho das bancadas.
A
cada nova sessão, os líderes terão direito a usar da palavra conforme prevê o
regimento da Casa. A intenção do presidente da Câmara é encerrar os debates no
sábado. Cada um dos deputados inscritos terá direito a 3 minutos de fala. Se os
513 optarem por discursar, serão gastos 1.539 minutos, o equivalente a quase 26
horas.
Com
início previsto para as 11h de sábado, se não houver interrupções, essa fase
deverá durar até as 13h de domingo.
Pelo
cronograma definido, no domingo, a sessão será iniciada às 14h, com a fala dos
líderes partidários. Em seguida, os representantes dos partidos terão 10
segundos para fazer o encaminhamento e orientação da votação.
Com
informações Agência Brasil
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