Existem
várias repostas. Mas a que mais merece destaque é a que me permite falar em uma
Educação despolitizada. E o que seria uma educação despolitizada?
Entendo que
esta se configura como aquela em que o processo de ensino-aprendizagem só
ocorre entre quatro muros totalmente descontextualizada e fora do propósito. É
ainda aquele modelo de educação onde tudo acontece ao seu redor, mas quando
está na escola e em sala de aula, há um proposital esquecimento das ações, dos
fatos.
Explico
melhor. É como se a escola fosse desconectada da realidade. Não entendeu?
Calma, vou exemplificar. O Brasil está passando por momento conturbado. Na
política, na área econômica, social e cultural. Muito parecido com o pré 64, do
século passado. Naquele período o Brasil vivia uma fase de ajustes, de
construção de projetos sociais. As primeiras ideias de Reforma Agrária e
Política emergia sob o governo de João Goulart (Jango). Não contente com isso,
setores conservadores e elitistas junto com os militares com o apoio irrestrito
da mídia implantaram o golpe, sob o falso discurso de que no Brasil iria se
construir o comunismo (antes fosse). O resultado disso? 21 anos de ditadura. 21
anos sem liberdade de expressão. 21 anos de tortura. Em 2016, algo parecido
está acontecendo. Só que não há justificativas de COMUNISMO e ao invés de
setores militares, assume o posto alguns nomes do judiciário e o resto dos
componentes permanecem. A justificativa agora é o combate a corrupção.
Aplausos. E mais aplausos. Mas não se deve continuar aplaudindo, afinal de
contas os que hoje estão gritando aos quatros cantos não querem de fato acabar
com a corrupção, pois são também corruptos e até mais. A mídia, representada
aqui pela Globo, é seletiva. Para ela uns são corruptos (pois não são do seu
grupo), outros – mesmo tendo todos os indícios e até provas, sequer são
citados. A justiça, aquela que deveria saber de cor e salteado os ditames
constitucionais está, nos últimos meses, rasgando a constituição e rompendo com
a democracia em prol de interesses nada animadores para o Brasil. Não se
combate a corrupção sendo seletiva e muito menos querendo destruir a democracia
que se conquistou a duras penas.
E
a escola, como pode ajudar no combate a corrupção? Seria fingindo que o que
acontece lá fora não interfere na vida dos estudantes? Não. De forma alguma.
Seria deixar de lado o que ora acontece em prol do velho clichê escolar – “não
quero atrasar o conteúdo”. “Estamos próximos do ENEM”... Também não. Dá para explicar
Egito Antigo, o Império Cush e esquecer o presente? Não dá. E como estudar
Revolução Francesa sem se referir as manifestações que ora ocorre? Como estudar
a Ditadura Civil-Militar sem se referir a tentativa de construção de uma nova
ditadura?
Me
parece impossível de acontecer. Só me parece, pois acontece. E qual o resultado
disso? Alunos despolitizados, alienados e despreparados para a vida e alunos
assim ajudam a manter a corrupção, pois serão futuramente eleitores e quem sabe
candidatos e candidatos eleitos.
Publicado
originalmente no Facebook
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