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25 de março de 2016

Movimentos sociais fazem manifestação pela democracia em várias cidades

Público participa do Festival pela Democracia na Cinelândia, com artistas contrários ao impedimento da presidenta Dilma (Foto: Fernando Frazão)
A Frente Nacional de Mobilização Povo sem Medo e o coletivo Ocupa Carnaval promovem desde o fim da tarde de ontem (24/03) o evento cultural Festival pela Democracia, na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro. Entre os artistas, grupos e blocos de carnaval anunciados estão BNegão, Otto, Gregorio Duvivier, Tico Santa Cruz, Grupo Maracutaia, Unidos do Baque Virado, Sarau do Escritório, Nada Deve Parecer Impossível de Mudar, Forró de Rabeca, Comuna que Pariu, Primavera das Mulheres, Centro de Teatro do Oprimido, Poesia Viral, Manifesto dos Escritores, Mario Lago Filho e DJ Fukô, entre outros. As duas entidades deixaram claro que não apoiam o governo federal.


O clima é de festa e reúne centenas de pessoas em frente à Câmara de Vereadores. O ato deve ir até a meia-noite no palco principal cedido pela organização da Paixão de Cristo, evento religioso que ocorrerá no local na segunda-feira (28/03). Uma das frases gritadas pelos organizadores é: "Golpe nunca mais. Eu tô nas ruas por direitos sociais". A frente usa as hashtags #saídapelaesquerda, #contraoimpeachment e #pelademocracia e distribuiu um manifesto, em que propõe uma “saída pela esquerda”. Segundo seus integrantes, a solução proposta pela direita representaria um “aprofundamento dos ataques a direitos sociais e trabalhistas”.

“Por isso não temos disposição de ir às ruas em defesa deste governo. Mas também não ficaremos calados e acovardados ante as ameaças ao que temos de democracia no Brasil. O ataque não é somente contra o PT. É contra o que quer que seja de esquerda neste país. Querem aniquilar o movimento social. Querem impor um ambiente de intolerância e linchamento, onde não há espaço para o pensamento e a ação críticos”, diz o manifesto.

O cientista social Yuri Rafael Freire da Silva afirma que há um golpe em marcha e, por isso, é preciso ir às ruas e "dar a cara a tapa". "Eu, como uma pessoa de esquerda, que defende um processo democrático, que defende o resultado de uma eleição presidencial, que foi feita de forma amplamente democrática, não posso cruzar os braços e assistir a um impeachment, que seria nada mais do que um golpe branco, um golpe dado dentro da esfera institucional", afirmou.

Outras cidades como São Paulo, Fortaleza, Uberlândia e Brasília também ocorreram atos com o mesmo objetivo. Pela manhã, a Frente Povo sem Medo fez uma manifestação no shopping Rio Sul, em Botafogo.

Em Brasília, cerca de 70 manifestantes, segundo a Polícia Militar, protestaram contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff caminhando por uma das principais vias do centro da capita federal. O grupo, formado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e a Frente Povo sem Medo, participou do ato, chamado de  Em Defesa da Democracia e de uma Saída pela Esquerda.

Às 17h os manifestantes começaram a se concentrar em frente ao shopping Pátio Brasil, localizado a cerca de 3 quilômetros do Congresso Nacional. Perto das 19h, o grupo caminhou pela W3 Sul, em direção à W3 Norte, ocupando duas faixas da pista. Nesse momento, o trânsito ficou congestionado para os motoristas que seguiam no sentido Asa Norte.

A marcha seguiu escoltada pela Polícia Militar. Os manifestantes erguiam bandeiras e faixas, além de gritar palavras de ordem. Uma delas era “nossa luta é todo dia, não vai ter golpe vai ter democracia”. A marcha foi curta e os participantes tentaram entrar em outro shopping.

A segurança, no entanto, impediu a entrada do grupo. Alguns dos manifestantes se queixaram de terem sido barrados. Em seguida, foram em direção ao prédio da Rede Globo em Brasília,  ao lado do shopping.

Os protestos contra o que chamam de “golpe”, além de ofensas à emissora, continuaram. A entrada da Rede Globo foi protegida por um efetivo de cerca de 30 policiais. Por volta das 20h, o grupo se dispersou, embarcou em três ônibus e deixou o local.
Em São Paulo, manifestantes saíram em passeata contra a tentativa de impedimento da presidente Dilma (Foto: Daniel Mello)
Em São Paulo, manifestantes saíram em passeata na noite de ontem (24/03) contra a tentativa de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O ato, que teve concentração no Largo da Batata, zona oeste da capital paulista, foi organizado pela Frente Povo Sem Medo, que reúne diversos movimentos sociais. Com carros de som, bandeiras e camisas vermelhas, os militantes fecharam completamente um dos sentidos da Avenida Brigadeiro Faria Lima e Luís Carlos Berrini. O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, ao discursar no início do protesto falou sobre a atual situação política do país.

“O que nós estamos vivendo hoje no país autenticamente uma tentativa de golpe, como ocorreu no Paraguai, em 2012, e em Honduras, em 2009. Um golpe que busca não só atacar liberdades democráticas, mas também os direitos sociais”, disse ao comparar o processo vivido por Dilma ao enfrentado pelo paraguaio Fernando Lugo e o hondurenho Manuel Zelaya, ambos destituídos da Presidência.

Boulos enfatizou, no entanto, que a manifestação não era uma defesa do governo, mas, sim, contra o golpe e em favor da manutenção dos direitos sociais. “Nós não estamos aqui para defende governo nenhum”, ressaltou. “Não estamos aqui para defender ajuste fiscal, que o povo pague a conta da crise e reformas que vão atuar contra os direitos dos trabalhadores”, acrescentou.

O presidente do PT, Rui Falcão, disse acreditar que o processo de impeachment contra a presidenta não será aprovado pelo Congresso. “Eu estou confiante de que não haverá impeachment. Não há base legal para o impeachment. A tese das pedaladas [fiscais] já foi praticamente derrotada”, disse em entrevista.


Falcão também defendeu a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil. A indicação foi suspensa por uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. O mérito da questão ainda precisa ser analisado pelo plenário da Corte. “Não há nenhuma razão para obstruir uma medida que é de cunho exclusivamente administrativo, que é prerrogativa da presidenta. O Lula é ficha limpa, não há nenhuma razão para ele não ser ministro”.

Com informações Agência Brasil

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