Público participa do Festival pela Democracia na Cinelândia, com artistas contrários ao impedimento da presidenta Dilma (Foto: Fernando Frazão) |
A
Frente Nacional de Mobilização Povo sem Medo e o coletivo Ocupa Carnaval
promovem desde o fim da tarde de ontem (24/03) o evento cultural Festival pela
Democracia, na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro. Entre os artistas, grupos
e blocos de carnaval anunciados estão BNegão, Otto, Gregorio Duvivier, Tico
Santa Cruz, Grupo Maracutaia, Unidos do Baque Virado, Sarau do Escritório, Nada
Deve Parecer Impossível de Mudar, Forró de Rabeca, Comuna que Pariu, Primavera
das Mulheres, Centro de Teatro do Oprimido, Poesia Viral, Manifesto dos
Escritores, Mario Lago Filho e DJ Fukô, entre outros. As duas entidades
deixaram claro que não apoiam o governo federal.
O
clima é de festa e reúne centenas de pessoas em frente à Câmara de Vereadores.
O ato deve ir até a meia-noite no palco principal cedido pela organização da
Paixão de Cristo, evento religioso que ocorrerá no local na segunda-feira (28/03).
Uma das frases gritadas pelos organizadores é: "Golpe nunca mais. Eu tô
nas ruas por direitos sociais". A frente usa as hashtags
#saídapelaesquerda, #contraoimpeachment e #pelademocracia e distribuiu um
manifesto, em que propõe uma “saída pela esquerda”. Segundo seus integrantes, a
solução proposta pela direita representaria um “aprofundamento dos ataques a
direitos sociais e trabalhistas”.
“Por
isso não temos disposição de ir às ruas em defesa deste governo. Mas também não
ficaremos calados e acovardados ante as ameaças ao que temos de democracia no
Brasil. O ataque não é somente contra o PT. É contra o que quer que seja de
esquerda neste país. Querem aniquilar o movimento social. Querem impor um
ambiente de intolerância e linchamento, onde não há espaço para o pensamento e
a ação críticos”, diz o manifesto.
O
cientista social Yuri Rafael Freire da Silva afirma que há um golpe em marcha e,
por isso, é preciso ir às ruas e "dar a cara a tapa". "Eu, como
uma pessoa de esquerda, que defende um processo democrático, que defende o
resultado de uma eleição presidencial, que foi feita de forma amplamente
democrática, não posso cruzar os braços e assistir a um impeachment, que seria
nada mais do que um golpe branco, um golpe dado dentro da esfera
institucional", afirmou.
Outras
cidades como São Paulo, Fortaleza, Uberlândia e Brasília também ocorreram atos
com o mesmo objetivo. Pela manhã, a Frente Povo sem Medo fez uma manifestação
no shopping Rio Sul, em Botafogo.
Em
Brasília, cerca de 70 manifestantes, segundo a Polícia Militar, protestaram
contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff caminhando por uma das
principais vias do centro da capita federal. O grupo, formado pelo Movimento
dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e a Frente Povo sem Medo, participou do ato,
chamado de Em Defesa da Democracia e de
uma Saída pela Esquerda.
Às
17h os manifestantes começaram a se concentrar em frente ao shopping Pátio
Brasil, localizado a cerca de 3 quilômetros do Congresso Nacional. Perto das
19h, o grupo caminhou pela W3 Sul, em direção à W3 Norte, ocupando duas faixas
da pista. Nesse momento, o trânsito ficou congestionado para os motoristas que
seguiam no sentido Asa Norte.
A
marcha seguiu escoltada pela Polícia Militar. Os manifestantes erguiam
bandeiras e faixas, além de gritar palavras de ordem. Uma delas era “nossa luta
é todo dia, não vai ter golpe vai ter democracia”. A marcha foi curta e os
participantes tentaram entrar em outro shopping.
A
segurança, no entanto, impediu a entrada do grupo. Alguns dos manifestantes se
queixaram de terem sido barrados. Em seguida, foram em direção ao prédio da
Rede Globo em Brasília, ao lado do
shopping.
Os
protestos contra o que chamam de “golpe”, além de ofensas à emissora,
continuaram. A entrada da Rede Globo foi protegida por um efetivo de cerca de
30 policiais. Por volta das 20h, o grupo se dispersou, embarcou em três ônibus
e deixou o local.
Em São Paulo, manifestantes saíram em passeata contra a tentativa de impedimento da presidente Dilma (Foto: Daniel Mello)
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Em
São Paulo, manifestantes saíram em passeata na noite de ontem (24/03) contra a
tentativa de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O ato, que teve
concentração no Largo da Batata, zona oeste da capital paulista, foi organizado
pela Frente Povo Sem Medo, que reúne diversos movimentos sociais. Com carros de
som, bandeiras e camisas vermelhas, os militantes fecharam completamente um dos
sentidos da Avenida Brigadeiro Faria Lima e Luís Carlos Berrini. O líder do
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, ao discursar no
início do protesto falou sobre a atual situação política do país.
“O
que nós estamos vivendo hoje no país autenticamente uma tentativa de golpe,
como ocorreu no Paraguai, em 2012, e em Honduras, em 2009. Um golpe que busca
não só atacar liberdades democráticas, mas também os direitos sociais”, disse
ao comparar o processo vivido por Dilma ao enfrentado pelo paraguaio Fernando
Lugo e o hondurenho Manuel Zelaya, ambos destituídos da Presidência.
Boulos
enfatizou, no entanto, que a manifestação não era uma defesa do governo, mas,
sim, contra o golpe e em favor da manutenção dos direitos sociais. “Nós não
estamos aqui para defende governo nenhum”, ressaltou. “Não estamos aqui para
defender ajuste fiscal, que o povo pague a conta da crise e reformas que vão
atuar contra os direitos dos trabalhadores”, acrescentou.
O
presidente do PT, Rui Falcão, disse acreditar que o processo de impeachment
contra a presidenta não será aprovado pelo Congresso. “Eu estou confiante de
que não haverá impeachment. Não há base legal para o impeachment. A tese das
pedaladas [fiscais] já foi praticamente derrotada”, disse em entrevista.
Falcão
também defendeu a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como
ministro da Casa Civil. A indicação foi suspensa por uma decisão do ministro Gilmar
Mendes, do Supremo Tribunal Federal. O mérito da questão ainda precisa ser
analisado pelo plenário da Corte. “Não há nenhuma razão para obstruir uma
medida que é de cunho exclusivamente administrativo, que é prerrogativa da
presidenta. O Lula é ficha limpa, não há nenhuma razão para ele não ser
ministro”.
Com informações Agência Brasil
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