A presidente Dilma Rousseff participa, no Congresso, da cerimônia de abertura do Ano Legislativo (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR) |
Como
era de se esperar, a repercussão da ida da presidenta Dilma Rousseff no
Congresso Nacional gerou reações opostas entre congressistas da oposição e do
governo. Durante o seu discurso, Dilma chamou os parlamentares ao diálogo e
defendeu a recriação da CPMF como medida excepcional para o país retomar o
equilíbrio fiscal a curto prazo. O retorno do tributo tem sido objeto de
questionamentos por parte da oposição, sob o argumento de que a carga
tributária no país já é elevada. O governo afirma que a medida é temporária e
necessária diante da crise.
Para
a oposição, que vaiou quando a presidenta tocou no tema, Dilma jogou para a
"plateia", já os governistas, que aplaudiram o discurso, falam que a
ida da presidenta foi um gesto de estadista e representa mudança na relação com
o Congresso.
Líder
do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) disse que a presidenta
marcou um “golaço” ao discursar no Congresso e que foi um gesto de generosidade
e de compromisso político com o país. “É muito maior que qualquer piada de um
ou outro deputado da oposição, é um gesto de civilidade, um discurso forte e
acima de tudo uma estadista”, disse.
Segundo
Guimarães, que fez a defesa da ida de Dilma ao Congresso, em seu discurso a
presidenta apresentou para o Congresso “as bases para as reformas que são
necessárias” e defendeu a valorização do diálogo, do “debate democrático” como
o melhor caminho para o país sair da crise e retomar o crescimento. “Nas
democracias modernas é assim que se faz”, disse.
Candidato
a líder do PT na Câmara dos Deputados, Afonso Florence (BA) disse que a ida de
Dilma ao Congresso foi positiva e que ela trouxe uma pauta de “interesse do
povo brasileiro”. “Um conteúdo muito forte que justifica a sua presença aqui
[no Congresso] e que nos permite começar os nossos trabalhos com uma pauta,
que, a despeito das diferenças, inerentes à democracia, é a pauta de interesse
do povo brasileiro”, disse Florence após o discurso da presidenta.
O
senador Blairo Maggi (PR-MT), integrante da base aliada, defendeu o debate e
disse que, para sair da crise, é preciso haver um entendimento mínimo entre os
Poderes e os órgãos auxiliares. Segundo Maggi, boa parte da crise se deve a
certa falta de confiança em relação ao governo e que o gesto de Dilma pode
representar um retorno da confiança na economia.
“O
país parou, de certa forma, por falta de crédito, mas uma boa parte da economia
está parada por falta de confiança. Então, talvez, esse gesto da presidenta de
vir até aqui tentar esclarecer algumas coisas, criar um ambiente mais favorável
e tentar mudar esse ambiente da desconfiança com relação ao país pode ajudar”,
disse.
O
senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), disse que a ida de
Dilma ao Congresso foi só pra “fazer fotografia”. Segundo Aécio a presidenta
deveria ter feito uma espécie de “mea culpa” de seu governo pelo fato de o país
estar passando por uma crise econômica. “Nenhuma palavra em relação aos
equívocos do governo em relação a condução da politica macroeconômica no ano
passado, nenhuma palavra sobre o conjunto de denúncias que estão sobre o
governo. Então, é uma presidente que busca isolar-se de algo que não é possível
mais isolar,” disse.
Sobre
as vaias, o senador, que ficou em silêncio durante o discurso, afirmou que
“cada um faz o que quer”. Aécio disse ainda acreditar que, mesmo tendo comparecido
ao Congresso, Dilma vai enfrentar dificuldades no parlamento, pois, segundo
ele, a presidenta “nunca dialogou com o Congresso”. “Ela sempre quis impor suas
vontades ao Congresso Nacional e, em um momento de fragilidade, ela vem aqui em
um gesto que achei que seria de maior generosidade, passando pelo
reconhecimento de que, se a crise hoje é grave, o governo dela tem enorme
parcela de responsabilidade”, disse.
O
líder do DEM no Senado e oposicionista, Ronaldo Caiado (GO) disse que a
mensagem da presidenta poderia ser resumida em “novos impostos ou aumento de
tarifas de impostos” e que Dilma não “encantou ninguém”. “Foi muito mais uma
vinda pela conveniência do momento do que por respeito ao Congresso Nacional.
Não acredito que ela terá força política nem votos suficientes para aprovar
nenhuma das medidas que ela apresentou aqui na tarde de hoje”, disse.
Com
informações Agência Brasil
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