Durante a celebração, fiéis acompanharam leitura da carta enviada pelo Vaticano, que reconcilia padre Cícero Romão Batista e a Igreja (Foto: Tatiana Fortes) |
Com
bancos de madeira e plástico, uma multidão foi chegando à Capela de Nossa
Senhora do Perpétuo Socorro, em Juazeiro do Norte, no Cariri. O sol ainda nem
tinha raiado e cerca de 35 mil pessoas, segundo estimativa da organização, compareceram
para acompanhar o momento mais aguardado da celebração que comemorou a
reconciliação da Igreja Católica com Padre Cícero: a leitura da carta enviada a
pedido do papa.
O
documento assinado por Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, exalta
“o povo fiel do sertão do Ceará, com seus pastores, bendizendo a Deus”. A carta
foi lida às 7h30min de ontem (20/12) pelo bispo dom José González. Além dele,
outros quatro bispos e 17 padres participaram da solenidade. Eles usavam
chapéus de palha em homenagem ao costume do Padre Cícero. De acordo com o bispo
do Crato, dom Fernando Panico, a reconciliação deve ter sido facilitada por um
bispo brasileiro, dom João Brás, que tem proximidade com o papa.
“Não
posso afirmar, mas posso imaginar que ele, como amigo do papa, tenha
influenciado nas conversas pessoais. Ele deve ter colocado o Padre Cícero no
meio de um dos tantos assuntos a serem vistos com amor e interesse pelo papa”,
afirmou dom Panico. A leitura do documento que reconciliou Padre Cícero com a
Igreja foi feita, justamente, na tradicional missa do dia 20, realizada
mensalmente em referência à data da morte do religioso, em 20 de julho de 1934.
Mas
os festejos pela reconciliação do “Padim Ciço” começaram ainda no sábado, 19,
em Juazeiro do Norte, com uma carreata que reuniu 50 carros e 200 motos,
segundo os organizadores. O cortejo percorreu 45 quilômetros das ruas da cidade
fundada pelo padre.
A
reconciliação de Padre Cícero acontece em um momento em que o papa Francisco
promove uma maior aproximação com a religiosidade popular.
Segundo
o bispo do Crato, “a carta do papa Francisco falou para valorizar esse fenômeno
da romaria que é nosso, do Cariri e do Nordeste, mas não exclusivamente nosso.
Em outros lugares do Brasil, existe. Tomamos conhecimento que no mundo existem
peregrinações que nascem da fé dos populares.”
O
coordenador da pastoral de romaria, José Carlos dos Santos, afirma que há “possibilidade
de aumento no número de romeiros porque igrejas do resto do Brasil também vão
promover romarias para Juazeiro. Havia até então certa resistência e
hostilidade porque não havia a reconciliação”. Ele afirmou ainda que “já está
sendo organizada uma romaria em janeiro ou fevereiro do pessoal de Curitiba
para Juazeiro do Norte”.
Com
informações O Povo Online
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