Lula concedeu entrevista ao lado do governador do Rio, Pezão (Foto: Ricardo Stuckert) |
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu rapidez na decisão do
Congresso sobre o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Para
ele, o país não pode ficar esperando por muito tempo sem uma definição desta
questão política. Ele fez a declaração ontem (03/12) após se reunir por meia hora
com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, no Palácio Guanabara, sede do
governo do Rio.
"A
tarefa maior, neste instante, é não permitir que essa loucura que o Eduardo
Cunha fez ontem tenha prosseguimento. Acho que é preciso decidir isso logo.
Decide logo, porque se a gente for esperar passar o Natal, passar fevereiro,
passar o carnaval, passar não sei das quantas, qual será o clima político deste
país? Qual investidor que vai querer investir aqui no Brasil? Qual o empresário
brasileiro que vai querer colocar dinheiro na economia, se o sistema político
não tiver pelo menos apaziguado?", afirmou.
O
ex- presidente sugeriu uma aliança dos governadores com Dilma, para não
aceitarem a teoria do quanto pior, melhor. Ele informou que já existe um
manifesto de governadores do Nordeste em apoio à presidenta. "Acho que o
Pezão pode arregimentar muitos governadores para apoiar a presidenta Dilma.
Inclusive, ele sugeriu, hoje de manhã, uma reunião com governadores, dentro do
Palácio do Planalto, para dizer que impeachment é coisa de gente
irresponsável.”
Lula
disse que “aprendeu” a admirar Pezão enquanto estava na Presidência da
República e quis fazer o encontro para saber como o governador está vendo o
atual momento do país. Segundo ele, Eduardo Cunha não deveria colocar um
problema pessoal acima dos interesses do país. Ele destacou que presidenta faz
"um esforço incomensurável" para conseguir a aprovação dos ajustes
necessários, enquanto o presidente a Câmara age ao contrário.
"Tem
muitos deputados querendo contribuir, mas o presidente da Câmara, me parece,
tomou a decisão de não se preocupar com o Brasil. Me parece que a prioridade
dele é se preocupar com ele, quando este país de 210 milhões de habitantes é
mais importante do que qualquer um de nós", ressaltou.
Para
Lula, sem as reformas – que na sua avaliação estão demorando demais – a
economia não vai voltar a crescer. "O país está, há um ano, passando por
uma conturbação. A reforma que já era para ter sido votada está demorando
demais, e sem aprovar a reforma a gente não consegue fazer a economia voltar a
andar como ela deve andar.”
Ele
destacou, ainda, que a decisão de Eduardo Cunha veio justamente no dia em que o
governo conseguiu uma vitória no Congresso. "No dia em que a presidenta
consegue aprovar as novas bases para o orçamento de 2015, o que a gente percebe
é que ela recebe, como prêmio, um gesto de insanidade, com o pedido de
impeachment dela. Acho que o Brasil não merece isso. Acho que as pessoas sérias
deste país não podem aceitar isso", destacou.
Na
avaliação de Lula, será por um motivo muito pequeno se a decisão do presidente
da Câmara para dar andamento ao processo de impeachment tiver relação com uma
falta de apoio de parlamentares do PT a ele, no Conselho de Ética. "Se
isso estiver na cabeça de Eduardo Cunha é uma atitude muito pequena, subordinar
um país inteiro, os interesses de mulheres, homens, brancos, negros e crianças
deste país a uma visão corporativa, pessoal, de vingança. Eu quero crer que não
seja verdade, porque se isso for verdade é muita leviandade.”
O
ex- presidente descartou a possibilidade de Dilma ter feito barganha com
Eduardo Cunha para não ter a abertura do processo de impeachment. "Eu
conheço a Dilma, e é muito difícil alguém imaginar que a Dilma faz barganhas. É
muito difícil", avaliou.
Lula
criticou o tipo de oposição feita pelo PSDB e, ainda, os que que há um ano
fazem "oposição sistemática" à presidenta Dilma. Ele disse que é
normal ter oposição, lembrou que já fez, no passado, e chegou a dizer que
ninguém perdeu mais eleições no Brasil do que ele, acrescentando que se
houvesse olimpíada para isso, ganharia medalha de ouro para o país. "Acho
que, neste momento, estamos vendo as pessoas tentando ver, na proposta de impeachment
do Eduardo Cunha, uma chance de botar a discussão de outubro do ano passado.”
Com
informações Agência Brasil
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