Dilma
durante cerimônia de abertura da 3ª Conferência Nacional de Juventude. (Foto:
Roberto Stuckert Filho)
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A
presidente Dilma Rousseff fez ontem (16/12) um dos mais inflamados discursos em
defesa de seu mandato e contra o pedido de impeachment. Ao participar da 3ª
Conferência Nacional de Juventude, em Brasília, evento que reúne lideranças
jovens de todo o país, Dilma disse que "jamais houve desvio" durante
o exercício da Presidência, atacou enfaticamente adversários, disse que há uma
"invenção de motivos" por parte dos que "tentam chegar ao poder
de forma assaltar a eleição direta" e afirmou que tem o "compromisso
de continuar mudando o Brasil".
Antes
de seu discurso, vários participantes do evento puxavam coros de apoio a Dilma
e contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Durante
o discurso, ela foi interrompida algumas vezes por gritos de "Não vai ter
golpe" e "Ai, a Dilma fica o Cunha sai". Cunha aceitou, no
último dia 2 de dezembro, a abertura do processo de impeachment, cujo pedido
foi feito pelos juristas Hélio Bicudo, Mighel Reale Jr. e Janaína Conceição
Paschoal.
"Neste
momento, usando todos os instrumentos que o Estado Democrático de Direito me
faculta, lutarei contra a interrupção ilegítima do meu mandato", declarou
a presidenta, enumerando argumentos que, segundo ela, comprovam que os que
tentam interromper o "mandato popular conquistado legitimamente" não
encontram razões consistentes para o impeachment.
"É
a falta de razão que nós chamamos de golpe. A Constituição brasileira prevê sim
esse processo [de impeachment]. O que ela não prevê é a invenção de motivos.
Isso nao está previsto em nenhuma Constituição." De acordo com Dilma, os
argumentos sobre as mudanças no Orçamento não são consistentes pois
"jamais houve desvio nenhum". Segundo ela, seus opositores oscilam
entre "invenções e falácias porque não há como justificar o atentado que
querem cometer contra a democracia".
"Não
sustenta qualquer argumento porque não houve irregularidade. Nós pagamos o
Bolsa Família sim. Pagamos o Minha Casa, Minha Vida sim. E, ao fazê-lo, sempre
respeitando as leis e os contratos que existiam. Eu assinei decretos e mudanças
na locação de recursos quando estes recursos sobravam e, portanto, podiam ser
deslocados para outras atividades pela lei orçamentária aprovada neste
país", afirmou.
Sem
citar diretamente ninguém, a presidenta elencou políticas implementadas pelos
governos do PT desde 2003, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
assumiu o governo. De acordo com a presidenta, "os que buscam atalho para
o poder não querem derrubar apenas uma mulher" e sim um projeto.
Dilma
comparou a sua biografia com a de adversários políticos. "Sabem que têm de
usar de artifícios porque não conseguirão nada atacando minha biografia, que é
conhecida. Sou uma mulher que lutou. Amo meu país e sou honesta. Além disso,
não compartilho com algumas práticas da velha política que alguns deles professam.
O mais irônico é que muitos que querem interromper meu mandato têm uma
biografia que não resiste a uma rápida pesquisa no Google", criticou.
Diante
de uma plateia de cerca de 3 mil pessoas, de acordo com a Secretaria Nacional
da Juventude, a presidenta fez referências à política de oposicionistas como o
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). "Vamos mudar o Brasil
fortalecendo a sua democracia e impedindo retrocessos. Não mudaríamos o Brasil
fechando escolas. Nós também não vamos mudar o Brasil reprimindo movimentos
pacíficos com forças policiais. Sabemos que fechar escolas é extinguir
sonhos", disse.
A
presidenta criticou ainda medidas atribuídas a setores conservadores como a
redução da maioridade penal, a aprovação da proposta de emenda à Constituição
que transfere para o Legislativo o poder de demarcar terras indígenas e a
adoção de medidas contrárias à diversidade das famílias.
"Certamente
não mudaremos para melhor o Brasil se permitirmos que a nossa democracia, jovem
ainda, seja golpeada agredida ou desrespeitada. Para mudar o Brasil temos de
garantir respeito ao voto da população e respeitar o resultado das eleições.
Hoje, sabemos que defender a democracia é mudar o Brasil para melhor. Está em
curso uma batalha que ditará os rumos do nosso país por muito tempo",
disse a presidenta.
Além
dos refrões em coro proferidos pela plateia, os discursos da cerimônia de
abertura da conferência também foram de apoio a Dilma. Ela recebeu, porém, uma
reivindicação do presidente do Conselho Nacional de Juventude, Daniel Souza.
"Que esse governo se coloque cada vez mais à esquerda e com o povo",
disse Daniel. Delegados da conferência também pediram a demissão do ministro da
Fazenda, Joaquim Levy.
Antes
da chegada de Dilma à Conferência Nacional da Juventude, o ex-presidente do
Uruguai, José Pepe Mujica, discursou e foi ovacionado pelos participantes do
evento. A presidenta foi acompanhada pelos ministros Jaques Wagner, da Casa
Civil; Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência; Miguel
Rossetto, do Trabalho; e pela ministra do Desenvolvimento Social, Tereza
Campello
Com
informações Agência Brasil
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