Eduardo Cunha concede entrevista para anunciar que aceita a abertura do pedido de impedimento de Dilma Rousseff (Foto: Alex Ferreira) |
O
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, anunciou na tarde de hoje (02/10) que
aceitou um dos pedidos de impedimento protocolado na Casa contra a presidente
Dilma Rousseff. A solicitação, apresentada pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel
Reale Jr. e Janaína Paschoal em outubro, baseia-se, principalmente, em um
suposto crime de responsabilidade contra a lei orçamentária.
O
pedido, que tem apoio da oposição, alega que Dilma teria autorizado novas
despesas primárias, no final do ano passado, quando o governo já havia
reconhecido que não iria cumprir a meta de superavit primário prevista na Lei
de Diretrizes Orçamentárias (LDO). A lei orçamentária de 2014 (Lei 12.952/14)
só autoriza a abertura de créditos para novas despesas se eles forem
compatíveis com a obtenção da meta de resultado primário da LDO. Em 2015,
segundo a denúncia, o mesmo teria ocorrido.
De
acordo com a Lei 1.079/50, o presidente da República pode ser processado por
crime de responsabilidade por infringir a lei orçamentária.
Os
autores do pedido de impeachment alegam ainda que a presidente deve ser
processada pela prática das chamadas “pedaladas fiscais”, pelo uso de bancos
públicos para pagar despesas típicas do governo, algo que é vetado pela Lei de
Responsabilidade Fiscal.
Tanto
as pedaladas como a edição de decretos foram analisadas pelo Tribunal de Contas
da União (TCU) em outubro, quando aprovou parecer recomendando a rejeição das
contas da presidente Dilma Rousseff referentes ao ano passado.
O
presidente da Câmara afirmou que a sua decisão era de natureza técnica. “Não
consegui encontrar nenhum argumento para descaracterizar a tese colocada”,
afirmou. Cunha disse também que o pedido de abertura de processo de impeachment
era a oportunidade de o País enfrentar de uma vez por todas esse tema. Segundo
ele, se o processo não for aceito, o debate sobre o afastamento da presidente
acaba no País.
Ao
final, ele afirmou que não estava feliz com a sua decisão, mas não via outro
caminho. “Não causa felicidade a ninguém isso. Mas não ficaria com isso
[pedido] na gaveta sem decidir”.
Com
a decisão de Eduardo Cunha, o pedido de abertura de processo de impedimento
contra a presidente Dilma Rousseff seguirá um rito determinado pela Lei do
Impeachment e pelas normas regimentais da Câmara dos Deputados. O trâmite é
rápido.
Nesta
quinta, Cunha deve ler, no Plenário, o pedido e a sua decisão, que será
publicada no Diário da Casa. Na mesma sessão, ele determinará a criação da
comissão especial que vai analisar a denúncia e receber a defesa da presidente,
que será notificada. Dilma terá 10 sessões do Plenário, a partir da
notificação, para apresentar a sua defesa.
A
comissão especial terá 66 deputados titulares e igual número de suplentes,
todos indicados pelos líderes partidários. O número garante a participação de
parlamentares de todos os partidos e blocos da Câmara, como determina a Lei do
Impeachment.
Após
a indicação, a comissão especial será eleita no Plenário da Casa. Tão logo seja
formada, no prazo de 48 horas, faz a primeira reunião para eleger o presidente
e o relator. Nesta fase, pode haver disputa pelos cargos, que são decididos por
maioria simples.
A
partir do recebimento da defesa da presidente, a comissão especial terá cinco
sessões do Plenário para votar o parecer, que pode ser pelo recebimento ou não
da denúncia. O parecer aprovado será submetido ao Plenário, a quem cabe a
palavra final sobre a abertura de processo contra a presidente da República. A
votação ocorrerá 48 horas após a publicação do parecer da comissão especial.
Para
que a Câmara autorize a abertura de impeachment contra Dilma, são precisos os
votos de 342 deputados (ou 2/3 da Casa), em votação nominal. A partir daí, o
Senado faria o julgamento da presidente.
Com
informações Assessoria de Imprensa da Câmara dos Deputados
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