Plenário da Câmara Municipal de Altaneira em foto de Arquivo do Blog |
Tenho
dito que toda vez que alguém for parabenizar a Câmara Municipal de Altaneira,
faça de forma indicativa do que é e somente por aquele ato. Na semana passada parabenizei o Legislativo Municipal pelo bom número de matérias na Ordem do Dia das duas últimas sessões, mas ontem
(20/11) se voltou ao velho costume desta Legislatura e uma única matéria estava para ser
deliberada pelos edis.
Tratava-se
de um Recurso do vereador Professor Adeilton (PP) que pedia ao Plenário a revogação da decisão do Presidente da CPI, o vereador Deza Soares (Solidariedade), que
anulou atos praticados pelos demais membro da Comissão, a sua revelia, em um feriado municipal. O
Relator da Comissão arguiu que o presidente tenta atrapalhar e retardar os
trabalhos da comissão, em face da investigação não ser de interesse do Executivo.
Deza
defendeu seu ato, alegando que os trabalhos foram realizados em um feriado
municipal, sem a sua convocação para uma reunião extraordinária e que anulou os
trabalhos visando a legalidade da Comissão e segurança jurídica, mas disse que
já sabia que o requerimento seria aprovado, pois como o “grupo de oposição tem a maioria,
acham que podem tudo, até passar por cima das leis”. Adeilton retrucou
dizendo que a intenção do parlamentar do Solidariedade é totalmente o
contrário, e que até escuta outros advogados que concordam com a tese de Deza,
mas segue a orientação da Assessoria Jurídica da Casa.
Já
a secretária da CPI, vereadora Zuleide Ferreira (PSDB), afirmou o que Deza
disse falando que “se nós temos a maioria, nós temos o poder de decisão”. A
vereadora tucana ainda disse que “estamos beirando o século 22 e o Vereador
Deza ainda não sabe o que é Democracia” – Alguém tem que avisar a
vereadora que falta mais de 80 anos para o próximo século.
Flávio
Correia (Solidariedade) disse que não se deve confundir democracia com
anarquia, em clara referência a forma ditatorial e ilegal que os trabalhos na
Casa Legislativa estão sendo realizados. E ainda disse que não acreditava que
uma assessoria jurídica orientasse tantos atos ilegais que o grupo de maioria
está fazendo na Casa.
Ainda
na discussão do requerimento houveram trocas de acusações entre os líderes dos
blocos, onde depois que Deza lembrou da condenação por Improbidade
Administrativa do líder da maioria, e pela primeira vez Adeilton falou sobre
tal condenação, disse que foi condenado por ser membro de uma comissão de
licitação e “por ter confiado em quem não deveria” - o líder não foi claro, mas o meu entendimento
é de que se trata do ex-prefeito cassado. Depois Adeilton afirmou que Deza tinha
condenação também por ter sido ordenador de despesa. Deza negou e o desafiou a
mostrar essa condenação.
Depois
de muita troca de acusações, em um momento que Deza estava com a palavra, a presidente
da Câmara Lélia de Oliveira (PCdoB) arguiu que isso era assunto para o Tema
Livre, o vice-presidente da Casa, Genival Ponciano (PTB) também orientou nesse
sentido, Deza criticou bastante a orientação durante sua fala e criticou por
não haver critérios iguais na condução dos trabalhos. A presidente novamente se
descontrolou emocionalmente e desligou os microfones da casa, depois de alguns
minutos ela, mais calma, ligou novamente. Como esperado por Deza, o
requerimento foi aprovado com os votos do grupo de maioria.
Flávio
usou seu tempo no Tema Livre para denunciar e pedir providências sobre os
repasses da previdência da Câmara, pois o mesmo, com documentos em mãos,
afirmou que foi ao INSS e verificou que algumas contribuições de ano passado e
deste foram devidamente descontadas de seu pagamento, mas não constam na base
de dados do Órgão Previdenciário.
O
grupo de maioria da Câmara Municipal usa um discurso de que tudo pode, e suas
ações são de quem realmente acredita nisso, já que estão passando por cima das
leis mais importantes para uma casa legislativa, estão usurpando o Regimento
Interno, a Lei Orgânica e até mesmo a Constituição Federal. De fato uma conduta
que não pensávamos em ver partindo dos fiscais da lei, daqueles legitimados
pelo povo para organizar e zelar pelo Ordenamento Jurídico.
Precisam
saber que a maioria é soberana, mas somente quando está de acordo com as leis.
Mesmo com muitas derrotas na justiça, o legislativo insiste em não ouvir o
experiente Vereador Deza que sempre acerta quando diz que algo vai ser
derrubado pelo Judiciário.
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