O
Ministério Público Federal no Ceará (MPF-CE) receberá ainda nesta semana
representações contra três congressistas do Estado que aparecem em registros
oficiais como sócios de empresas de Rádio e TV.
As ações, que pedem cassação
das concessões públicas das emissoras, incluem os deputados federais Aníbal
Gomes (PMDB) e Domingos Neto (PSD), além do senador Tasso Jereissati (PSDB).
Serão acionados em todo o País 40 congressistas, 32 deles deputados federais e oito senadores. As representações foram protocoladas ontem (23/11) no MPF de São Paulo por treze órgãos da sociedade civil que militam na área da comunicação. Com apoio do órgão paulista, os casos de cearenses devem ser remetidos agora ao MPF-CE.
Além
dos cearenses, são alvos da ação alguns dos políticos mais influentes do País,
como os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Fernando Collor de Mello (PTB-AL),
Edison Lobão (PMDB-MA), Agripino Maia (DEM-RN) e Jader Barbalho (PMDB-PA). Em
dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), eles aparecem como
sócios de emissoras. Na última quinta-feira, já foram acionados três deputados
paulistas. Nas ações, quatro procuradores destacam artigo 54 da
Constituição, que proíbe congressista de “firmar ou manter contrato com empresa
concessionária de serviço público”.
Também
é citado caso do ex-deputado Marçal Filho (PMDB-MS), condenado no STF por
falsificação do contrato de uma rádio. No processo, dois ministros – Luís
Roberto Barroso e Rosa Webber – destacam o artigo 54 em seus votos. “Há um
risco óbvio na concentração de poder político com controle sobre meios de
comunicação”, disse Weber.
O
MPF-SP destaca ainda que outorgas de radiodifusão por empresas cujos sócios são
parlamentares “viola a liberdade de expressão e o direito à informação”.
Aníbal
Gomes afirma que é sócio da rádio Difusora do Acaraú desde o final dos anos
1980, e que não sabia que a questão pode ser irregular. “Essa concessão vem de
antes de eu ser deputado, e eu sempre achei que a proibição era para quem
adquire rádios já como parlamentar. Senão eu teria vendido, repassado. Não
tenho nenhum cargo lá”, diz o deputado, que irá ao jurídico da Câmara tratar do
caso.
O
jornal O POVO tentou entrar em contato com Domingos Neto, mas não teve
resposta. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o deputado disse, no entanto,
que a Difusora dos Inhamuns é de sua família “há mais de cem anos” e que ele
tem só 5% da firma. A reportagem tentou entrar contato com Tasso Jereissati,
que aparece como sócio da rádio FM Jangadeiro, mas não teve resposta.
Procurado
pelo jornal O POVO, o MPF-CE afirma que aguarda chegada da documentação para se
manifestar sobre o caso. Já o Ministério das Comunicações afirma que só irá se
manifestar sobre o assunto após notificação judicial.
Com
informações O Povo Online
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