Iniciemos
essa discussão com o poema de Jorge Posada:
“Um
negro sempre será um negro,
Chame-se
pardo, crioulo, preto, cafuzo, mulato ou moreno-claro
Um
negro sempre será um negro:
Na
luta que assume pelo direito ao emprego
E
contra a discriminação no trabalho
Um
negro sempre será um negro:
Afirmando-se
como ser humano
Na
luta pela vida”.
Movimento
Negro: da unidade a diversidade.
Tem-se
aqui uma nítida concepção de que é preciso um senso crítico quanto ao tema
enfoco. Faz-se necessário então a desconstrução do mito da igualdade racial.
O
Brasil é o país que tem a maior população de negros fora da África. Os negros
foram trazidos do continente africano para cá, escravizados e, não se
contentando com isso, as elites político-econômicas da época, através de
diversas práticas, cuja escravização inclui-se aqui como a mais clara, fizeram
com que eles (os negros) passassem por um processo de ‘aculturação’, sendo
obrigados a deixarem de praticar suas linguagens, religiões e costumes adotando
práticas europeias.
Nesse
dia 20, dedicado à consciência negra, é importante frisar que o movimento negro
tem por objetivo não deixar esmorecer e resgatar essa cultura afro- brasileira,
rebatendo a rígida desigualdade e a segregação racial que insiste em permanecer
sobre o povo negro. Ressalte-se ainda que ele (o movimento) é uma batalha
travada contra o senso comum. Numa sociedade onde se assume que existe
preconceito racial é contraditória a afirmação que não há discriminação e
racismo pessoal.
Não
é novidade que o racismo está presente no cotidiano. As questões aqui são: onde
o racismo atrapalha, rouba, diminui, fere, interfere, omite, engana, diferencia
a população negra que constitui toda uma nação de outra raça? Aí está a chave.
Aí entra o movimento negro, numa armadura e resistência coletiva de uma raça
presente e atuante.
Nunca
é demais lembrar, já que ele insiste, apesar dos avanços que já foi efetivado,
que o Estado é o personagem responsável em garantir a equidade, porém, se esta
instituição age de forma ativamente contrária ou de forma omissa em seus
serviços de policiamento, saúde pública, geração de renda e trabalho, educação,
o que leva a discriminação racial, ainda nos dias de hoje, fazendo parte do seu
sistema, então tem-se algo além de problemas sociais, o Estado passa a
alimentar um retrocesso e constrói um apartheid.
No
entanto, o país é composto de edifícios, a saber, as instituições de ensino,
Ongs, empresas, templos religiosos e famílias. Porém, muitas dessas organização
não estão desconstituídas de conceitos errôneo, uma vez que não romperam com
seus dogmas racistas, não tendo em seus quadros representantes de diversas
raças e etnias. Isso leva ao fato de que o racismo assume na sociedade atual
tem efeito letal e em massa.
Diante
desse cenário a movimento negro assume seu papel de destaque, não se baseando
apenas em probabilidades e teorias, mas em fatos empíricos experimentados nas
diversas ramificações dos negros na sociedade. As ações do movimento estão
diretamente ligados às lutas não só contra o racismo e a discriminação racial,
mas também a xenofobia e intolerâncias correlatas.
No
Brasil, as referências para essas lutas continuarem são muitas, como por exemplo,
Zumbi, Revolta dos Malês, Chibata e tantas representações de luta e resistência
do povo negro . Assim, O movimento negro é resultado de uma série de
manifestações decorrentes de um processo histórico. Não se pode dizer onde ele
nasce ou especificar algum lugar determinado, tal afirmação nos limita, nos
tira de uma visão de alpinista para nos deitar num acolchoado particular. A
amplitude do movimento negro é um conjunto de manifestações que surgem de
inquietações individuais e coletivas.
Conclui-se
que o movimento negro precisa expandir suas ações e desembocar em outras
localidades. Altaneira, município situado no interior do Ceará e que compõe a
região do cariri, pode ser um dos polos de concentração do Movimento Negro.
Necessita apenas de organização da classe e partir para ações, implementando
uma militância que trace um viés político, educacional, ideológico, cultural,
religioso, gênero, artístico, entre outros, objetivando a total liberdade em
todas áreas, buscando boa qualidade de vida, desmarginalização, educação,
inserção social, melhor moradia e saúde para o povo negro.
José
Nicolau Neto é graduado em História pela Universidade Regional do Cariri (URCA), blogueiro e
professor.
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