“É
errado achar que smartphone e celular são coisas para poucos. Hoje, o maior
viés de acesso à internet é geracional, não é de classe. A diferença entre
gerações [de pessoas que acessam] é maior que a diferença entre as classes
econômicas”.
A afirmação é do presidente do Data Popular, Renato Meirelles (foto).
Segundo ele, a internet é tão acessível aos jovens das classes mais baixas
quanto aos das classes A e B. O instituto faz estudos pelo país e acompanha as
mudanças que levam à melhoria da qualidade de vida das populações mais pobres,
incluindo a democratização da internet.
Meirelles,
junto com o fundador da Central Única das Favelas (CUFA), Celso Athayde, é
autor do livro Um País Chamado Favela, que traz a maior pesquisa já feita com
moradores de favelas no Brasil, em 63 comunidades, de 35 cidades brasileiras.
Segundo
ele, a internet talvez tenha sido uma das maiores revolução do comportamento
das classes mais baixas da sociedade, pois ficou mais fácil se conectar e as
pessoas terem acesso a seus serviços. “Ela [a internet] não é um fim, ela é um
meio de consumo. Graças à internet, a população mais pobre consegue ser
acessada para o emprego, já que boa parte dela é de trabalhadores informais,
muitos prestadores de serviços, pedreiros, empregadas domésticas, pintores, os
'faz-tudo'. Mesmo na zona rural, aqueles que trabalham por período de safra
passaram, graças à internet e ao telefone, a serem melhor localizados”, disse.
O
presidente do Data Popular conta que 59% das pessoas que moram nas favelas
brasileiras estão conectadas à internet e, para ele, não há estranheza nisso à
medida que o desenvolvimento tecnológico torna os produtos mais baratos e
acessíveis.
Segundo
dados fornecidos pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome,
referente à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aumentou o número de pessoas que
têm celular entre os 20% mais pobres do país. O percentual subiu de 7,1% em
2001 para 82,6% em 2013. Em relação à posse de computador com internet, em
2001, uma parcela de 0,3% dos 20% mais pobres do país possuía o dispositivo; em
2013 o percentual subiu para 16,1%.
Subsidiado
por essas informações, o governo lançou um aplicativo de celular do Programa
Bolsa Família. Desenvolvido pela Caixa Econômica Federal, o aplicativo tem
funções disponíveis para beneficiários e não beneficiários do programa. Aqueles
que recebem a bolsa poderão saber, por exemplo, o calendário de pagamento, o
local mais próximo para fazer o saque e a situação do benefício.
Segundo
o MDS, o aplicativo é mais um meio de comunicação entre o governo e a população
e um canal mas direto e seguro com as famílias beneficiárias. Até 2018, quando
for concluído o processo de migração do sinal analógico de TV para a TV
Digital, os beneficiários contarão com um outro canal de comunicação e poderão
receber informações também por um aplicativo instalado nos conversores de TV,
que serão distribuídos gratuitamente a essas famílias.
O
Programa Bolsa Família é direcionado a famílias em situação de pobreza (renda
por pessoa entre R$ 77,01 e R$ 154 por mês) e extrema pobreza (renda por pessoa
de até R$ 77 por mês). Atualmente, são atendidas cerca de 14 milhões de
famílias em todo o país. Em 12 anos, 36 milhões de pessoas saíram da pobreza
extrema com o auxílio do programa.
Com
informações Agência Brasil
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