Vista parcial de Altaneira em 1988 (imagem capturado do vídeo do Dr. Eluizo) |
A
depressão do solo se fez lago. O índio se utilizou disso. O homem branco deu o
nome que lhe agradou. Assim nasceu a Lagoa de Santa Teresa e posteriormente o
povoado de mesmo nome.
As
famílias foram acomodando-se as margens da lagoa. Ali foram trabalhando, caça,
pesca e agricultura. Pecuária para os mais abastados. Avicultura para os sem
nome. Para tanto era pouco o dia, mas restava a noite para o descanso. E para a
reza. A devoção em Santa Teresa, protetora da lagoa, era professada baixinho no
quarto no claro do candeeiro e no silêncio dos corações.
A
fé em Santa Teresa exigiu de Elpídio Ricardo de Carvalho, uma imagem daquela
santa desconhecida daquele povo. A imagem veio. E a imagem exigiu também uma
capela e a capela veio. Mas aí já havia algumas casas formando o que hoje
conhecemos como Rua Carneiro de Almeida.
O
povoado de Santa Teresa estava aconchegante, ninguém queria mais sair dali. As
famílias já estavam acostumadas com aquele estilo de vida de trabalhar e rezar.
Os filhos foram construindo famílias e ficando por ali mesmo. O povoado já
contava com uma capela para abrigar a devoção de todos; um cemitério para zelo
da memória daqueles que iniciaram toda a história; muita terra para o trabalho;
uma feira livre aos domingos para troca de animais, venda de querosene para
candeeiros, artigos domésticos em palha, como urupemas, abanadores,
esteiras...; um café-bar; a escolinha de Fausta Venâncio David.
A
diocese achou por bem atender aquele povo e um padre é designado para a
freguesia. Padre novo e de família de servos, empolgado, alastra a devoção a
Santa Teresa que agora já é padroeira do lugarejo.
Santa
Teresa é um lugar agradável de famílias pacatas, simples, devotas e
trabalhadoras. As margens da Lagoa se desenvolvem a agricultura e a pecuária.
Notícias chegam ali que as providencias oficias e burocráticas deveriam ser
resolvidas em Quixará. Município a que pertencia a Vila de Santa Teresa.
O
líder político mais conceituado de Quixará, Manoel Pinheiro de Almeida, tinha
verdadeira paixão pelo povoado. Uma casa simples e de sua propriedade o
abrigava no povoado. Muitos amigos, afilhados, compadres e admiradores. Tudo
isso levou Né de Almeida a fazer de Santa Teresa um cenário político a exemplo
de Quixará.
A
Vila de Santa Teresa ainda não comportava um município, mas nada que não se
possa resolver junto as lideranças políticas do estado. Para isso servia a
amizade com a Família Furtado Leite. Políticos afeitos a luta e ganho de causas
no parlamento estadual. Para dar nome ao projeto, o maior intelectual que já
pisou essas terras e, não por acaso, era o vigário que atendia a Vila. Padre
Davi Augusto Moreira eleva o nosso povo, os nossos méritos, a nossa luta, os
nossos sonhos e a vida. Altaneira. Como as terras em que está encravada a vila.
Euclides
Nogueira Santana compõe o Hino Municipal para que o povo conheça o primeiro
símbolo de Altaneira.
Tanta
fé e tanta gente já carecem de um templo religioso que comporte o povo e a
devoção de Altaneira. A capelinha é doada a São José, santa Teresa agora já tem
um templo maior.
A
cidade começa a se estender no rumo norte das terras onde as condições para a
criação do gado bovino são maiores. O vai-e-vem de gado e de vaqueiro são
frequentes. Até que um dia morre assassinado um vaqueiro. O lugar foi marcado
com uma cruz pela família do vaqueiro. A cruz começou a ser visitada e também
começou a receber aos seus pés ex-votos, velas e imagens de santos. Qualquer
caminhada do povo de Santa Teresa terminava no Cruzeiro, assim denominada a
cruz do lugar onde o vaqueiro morreu. Uma dessas caminhadas acontece na
Sexta-feira da Paixão que nunca será a mesma se um dia deixar de existir a Via
Crucis da Igreja de Santa Teresa até o Cruzeiro.
Estamos,
portanto, convictos de que Altaneira é uma cidade construída sob a fé em Deus e
a devoção em Santa Teresa. Portanto, diante do exposto, acredito que Altaneira
tem um eixo histórico-religioso que, não por acaso, vai da Lagoa de Santa
Teresa até o Cruzeiro. O povo altaneirense, de vez em quando, deve voltar a
esse eixo para não perder o rumo da história, da cultura e do bom-senso e não
esquecer a sua essência de povo.
Quer agradecer aos responsáveis pelo Blog de Altaneira pela indicação do texto: Altaneira e o Eixo Histórico-Religioso, de minha autoria. Fiquei demasiadamente feliz com tal atitude. Muito obrigado!! Francisco Adriano de Sousa
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