Os ministros da Fazenda, Joaquim Levy; e do Planejamento, Nelson Barbosa; anunciam cortes no orçamento durante coletiva (Foto: Valter Campanato) |
O
Orçamento da União de 2016 terá corte de R$ 26 bilhões. Entre a redução de
despesas e o aumento de receitas, com a possibilidade de recriação da CPMF, a
expectativa do governo é obter R$ 64,9 bilhões, de modo a fechar 2016 com as
contas equilibradas. O objetivo dos cortes é viabilizar superávit primário
(economia para pagar os juros da dívida) de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB,
soma dos bens e riquezas produzidos em um país) no ano que vem.
O
anúncio foi feito ontem (14/09) pelos ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do
Planejamento, Nelson Barbosa, durante coletiva no Palácio do Planalto. A
entrevista, que teve início às 16h40, começou com Barbosa detalhando um
conjunto de nove medidas que tratam dos cortes para atingir o montante de R$ 26
bilhões, parte do esforço do governo para alcançar a economia prometida para o
Orçamento de 2016.
As
primeiras medidas anunciadas trataram do congelamento do reajuste dos
servidores públicos e da suspensão de concursos públicos. Barbosa informou que
a proposta do governo é que o reajuste dos servidores passe a valer somente em
agosto do ano que vem e não em janeiro, conforme o usual.
Segundo
o ministro, a medida vai gerar redução de R$ 7 bilhões nos gastos do Orçamento
de 2016. A proposta depende de negociação com os servidores e do envio de um
projeto de lei ao Congresso Nacional.
Mais
R$ 1,5 bilhão será poupado pelo governo na forma da suspensão de concursos
públicos. Barbosa acrescentou que a medida será implementada por meio de uma
alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias, em discussão no Congresso.
O
governo também pretende conseguir uma redução de R$ 800 milhões por meio da
exigência de implementação do teto do funcionalismo público (valor pago aos
ministros do Supremo Tribunal Federal e atualmente fixado em R$ 33.763,00) e R$
1,2 bilhão com a eliminação do chamado abono de permanência, concedido aos
servidores que atingem as condições de aposentadoria, mas continuam a
trabalhar.
De
acordo com o governo, atualmente 101 mil servidores estão nessa condição. A
previsão é que o número chegue a 123 mil nos próximos cinco anos. Barbosa disse
que o Executivo vai sugerir uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para
tratar da questão.
O
governo também anunciou a redução de R$ 8,6 bilhões no Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC), dos quais R$ 4,8 bi serão no Programa Minha Casa, Minha
Vida (MCMV).
Barbosa
afirmou que a intenção do governo é retirar do Orçamento as despesas com o
programa integralmente custeadas pela União e direcionar parte dessas despesas
para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Com
a alteração, o fundo passaria a responder por parte dos gastos inicialmente
previstos com o programa, passando a participar também da primeira faixa
atendida pelo MCMV, que atende famílias com renda de até R$ 1,8 mil.
O
governo vai enviar uma medida provisória com a proposta e também tentará
alterar o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para o próximo ano.
Os
outros R$ 3,8 bilhões de redução no PAC virão por meio da mudança no
direcionamento de emendas parlamentares. Segundo Barbosa, a proposta é que as
emendas parlamentares impositivas sejam direcionadas para obras do PAC já
previstos na PLOA. A escolha dos programas ficaria a cargo dos parlamentares.
Barbosa
destacou que o governo vai alterar o Orçamento para diminuir os gastos
previstos com a saúde, mantendo o investimento mínimo previsto na Constituição.
A
intenção é se valer das emendas parlamentares, de modo a recompor os gastos
discricionários previstos no PLOA. Pela proposição, essas emendas, das quais
50% obrigatoriamente devem ser destinadas à saúde, serão utilizadas em
programas de saúde prioritários com foco na alta e média complexidade e também
em ações de atendimento básico.
A
última medida anunciada por Barbosa foi a redução na estimativa de gasto com a
subvenção agrícola, por meio da qual o governo pretende economizar R$ 1,1
bilhão. Ele disse que o governo vai alterar o Orçamento para revisar o valor da
Política de Garantia do Preço Mínimo para a média de execução dos últimos
quatro anos (cerca de R$ 600 milhões)
Outras
propostas foram apresentadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, com o
objetivo de aumentar as receitas da União. Ao todo, R$ 64,9 bilhões foram
anunciados pelo governo nesta segunda-feira, seja em redução de despesas, seja
no aumento de receitas.
Com
o anúncio dos cortes no Orçamento do ano que vem, o governo espera recuperar
credibilidade junto aos investidores internacionais. Em 31 de agosto, o
Executivo entregou ao Congresso Nacional a proposta orçamentária para 2016 com
previsão de déficit de R$ 30,5 bilhões.
Uma
semana depois, a agência de classificação de risco Standard & Poor's
rebaixou a nota de crédito do Brasil de BBB- para BB+, retirando o grau de
investimento do país. O grau é dado a países considerados bons pagadores e
seguros para investir.
Com
informações Agência Brasil
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