Pintura retratando a batalha do Jenipapo (Obra do Museu de Campo Maior-PI) |
Em
várias partes do Brasil, a independência não chegou com o brado de Dom Pedro I
às margens de um rio em São Paulo. No Nordeste, o 7 de setembro de 1822 foi só
o início de violentas batalhas. Para os exércitos guerrilheiros que combateram
os portugueses pelos sertões, o lema “independência ou morte” foi muito além da
retórica do primeiro imperador.
Munidos
de foices e facões, vaqueiros, lavradores, fazendeiros, comerciantes, artesãos,
escravos e militares formaram a coalizão que, sob comando cearense, travou o
mais violento dos combates no País. Foi só depois de muita luta, 11 meses após
do grito do Ipiranga, que a independência do Ceará e de mais dois estados foi
oficializada.
O
documento quase desconhecido foi encontrado no Arquivo Público do Piauí,
durante pesquisas de doutorado de professora Claudete Maria Miranda Dias. Na
coleção voltada à independência, entre correspondências, ofícios, relações de
prisioneiros, a docente da
Universidade
Federal do Piauí encontrou o ato assinado por uma junta militar composta por
representantes piauienses, maranhenses e cearenses.
Ali
era formalizado que as três antigas capitanias portuguesas não estavam mais sob
a égide da ordem colonial.
“A
historiografia não fala nisso. Encontrei, nas minhas pesquisas, o documento
assinado por eles”, relatou Dias ao jornal O POVO. A tese de doutorado, que traz o
registro da documentação, será publicada em 19 de outubro, com o título: O
outro lado da independência do Brasil: aspirações, manifestações e formas de
luta da população. De 1789 a 1850.
No
Ceará, milícia sob comando do capitão-mor do Crato, José Pereira Filgueiras,
destituiu a junta governativa leal a Lisboa.
No
Piauí, o major João José da Cunha
Fidié, veterano das guerras napoleônicas, enviado de Lisboa para Oeiras visando garantir a
lealdade a Portugal. Quando as vilas piauienses gradualmente se rebelaram e
aderiram ao grito do Ipiranga, Fidié as reprimiu de forma brutal. Foi então que
tropas cearenses seguiram para lá. Entre eles, Pereira Filgueiras, Tristão Gonçalves
e João de Andrade Pessoa, o Pessoa Anta.
Apesar
da derrota no maior e mais sangrento confronto da independência do Brasil - a
Batalha do Jenipapo - a coalizão de piauienses, cearenses, maranhenses e
baianos acabou prevalecendo sobre Fidié, recorrendo a táticas de guerrilha.
O
major se rendeu e foi enviado ao Rio de Janeiro. No dia em que deixou o Piauí,
em 6 de agosto, o ato conjunto formalizou a independência dos três atuais
estados. Levaria mais duas semanas até o último reduto português, em Belém, ser
libertado.
Momentos
Cruciais
19 de Outubro de 1822 - Em Parnaíba
(PI) autoridades
aderem ao grito do Ipiranga e provocam reação de Fidié, deflagrando conflitos
no Piauí
23 Janeiro de 1823 - Pereira
Filgueiras comanda tropas que destituem junta leal a Lisboa e assume governo do
Ceará provisoriamente.
13 de Março de 1823 - Durante
cinco horas, em Campo Maior (PI), é travado o mais violento combate da luta
pela independência em episódio que ficou conhecido como a Batalha de Jenipapo.
02 Julho de 1823 - Tropas
portuguesas são expulsas de Salvador. Data é muito festejada na Bahia
06 de Agosto de 1823 - Com
a expulsão de Fidié, junta militar das três capitanias oficializa independência
de Ceará, Piauí e Maranhão
Com
informações O Povo Online
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