Em
tempos de debates nas redes, as hashtags se sobrepõem às palavras de ordem.
Quando a desqualificação do outro assume o lugar dos projetos políticos, as
caricaturas se consolidam e prestam um desserviço analítico considerável. No
momento em que o marketing gera resultados eleitoreiros mais eficazes que a
defesa programática, a rotulação é a regra. A política tem sido um palco de
lutas classificatórias acríticas. Atalho que atrai tanto a direita mais tradicional
aliada ao PSDB quanto o Governo do PT que concilia incoerentemente políticas
populares com o projeto do neoliberalismo.
De
um lado, os setores retrógrados pedem o impeachment - com seus carros
adesivados e suas ofensas à presidente -, expressam um desejo anacrônico pelo
militarismo ou se vitimizam em tudo o que atinge seus privilégios. Do outro,
surgem campanhas como “Impítman é meuzovo”, “Dilmãe” ou a estigmatização em
“Aécio Cheira Pó” (que nem de longe é o maior problema do tucano).
Em
resposta aos panelaços, a crítica tem sido apontar o elitismo dos atos. Às
coreografias nos sinais, tem sido ridicularizar a dança. Às manifestações do
“Fora, Dilma”, apenas a caracterização frágil de uma “manifestação de classe
média”. É preciso politizar essas questões e problematizá-las a partir de uma
leitura conjuntural. Não nos esqueçamos de que as classes mais pobres têm
sofrido com os ajustes do Governo e com os cortes drásticos, que, inclusive,
ferem direitos sociais históricos.
É
preciso informar ao povo que a burguesia reacionária brasileira financia esses
movimentos e que o Golpe só interessa às elites que historicamente decidem a
política pelas cúpulas e sem a participação popular, como disse Florestan
Fernandes. Contudo, isso deve ser feito politicamente.
Utilizar
as armas que se combate só favorece aos que nada acrescentam politicamente e
sempre se beneficiaram no Brasil.
Orbitar
na falsa polarização entre quem hostiliza o Governo e quem o defende cegamente
não aponta uma saída real. É hora de construirmos uma via capaz de expressar um
projeto popular pautado na luta dos movimentos sociais e dos trabalhadores
brasileiros. Esse embate não é nosso e precisamos sair à esquerda dessa cilada,
sem permitir que o pior volte à tona com ares de “mudança”. Nem Aécio nem
Dilma. Nem Cunha nem Renan, tampouco Bolsonaro, Marina e sua trupe de
fundamentalistas. O pacto deve ser com o povo e suas lutas.
Márcio
Renato Teixeira Benevides é sociólogo e professor da Universidade Regional do
Cariri
Publicado originalmente no O Povo Online
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