Dilma afirmou que debate de opiniões é característico da democracia (Foto: Roberto Stuckert Filho) |
A
presidente Dilma Rousseff disse hoje (11/07), em Milão, na Itália, que o governo
tem ganhado mais do que perdido com os resultados de votações de matérias de
interesse do Executivo no Congresso Nacional e descartou que haja uma
“rebelião” no Congresso Nacional. “Eu não chamo de rebelião votação no
Congresso em que há divergências. A gente perde umas e ganha outras”, afirmou.
Dilma
ressaltou que o debate de opiniões é característico da democracia e que não é
possível apostar na vitória em todas as matérias de interesse de um governo.
“Nos [países] mais democráticos é que se torna mais complexa a aprovação, não
é? Nos mais democráticos, onde há liberdade de opinião, onde há uma ampla
manifestação de opiniões, como é o caso dos Estados Unidos.”
As
declarações foram feitas depois da visita da presidenta ao Pavilhão do Brasil
na Expo Milão 2015, que tem como tema “Alimentar o Planeta - Energia para a
Vida”. Dilma, que elogiou a feira, caminhou sobre uma rede instalada no
pavilhão para representar a integração de produtores, e relatou ter sido uma missão
“dificílima”. Perguntada se a experiência pode ser uma metáfora ao seu segundo
mandato, a presidenta descartou semelhanças.
“Eu
acho que o meu mandato é, eu diria assim, mais firme do que essa rede”,
assegurou. Em seguida, a presidenta relatou mais sobre a experiência e
completou: “Não cai não. Mas a gente, sempre, para não cair, tem se ser
ajudada, não é?”, disse Dilma.
Perguntada
sobre a possível revisão da meta de superávit primário – economia feita pelo
governo para pagar os juros da dívida pública –, a presidenta afirmou que o
objetivo é manter a meta. “Não houve nenhuma decisão, o Planejamento não está
ainda colocando isso, de maneira alguma. Agora, a gente avalia sempre, e vamos
fazer todos os esforços para manter a meta.”
Nesta
semana, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, negou que a equipe econômica
esteja analisando uma proposta de revisão, mas, no Congresso Nacional, o
senador Romero Jucá (PMDB-RR) defendeu a redução da meta de 1,1% para 0,4% do
Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no
país).
Nos
próximos dias, Dilma deve decidir como vai se posicionar sobre temas aprovados
pelo Congresso, um deles é o projeto de lei da Câmara que estabelece reajuste
escalonado, em média de 59,49%, para os servidores do Poder Judiciário. As
matérias, que passam pelas duas Casas legislativas, ainda precisam ser
analisadas pelo Planalto, que pode vetar total ou parcialmente os textos. O
reajuste foi uma das bandeiras do presidente do Supremo Tribunal Federal,
Ricardo Lewandowski, quando assumiu a Corte. Ele conseguiu uma reunião
reservada durante a viagem da presidenta à Europa, quando trataram de diversos
assuntos.
“Todo
mundo sabe, ele pleiteia que não haja veto. No entanto, nós estamos avaliando,
porque é impossível o Brasil sustentar um reajuste daquelas proporções. Nem em
momentos, assim, de grande crescimento, se consegue garantir reajustes de 70%,
muito menos em um momento em que o Brasil precisa de fazer um grande esforço
para voltar a crescer”, afirmou.
Na
Itália, onde passou pouco mais de um dia, depois de participar,em Ufá, na
Rússia, da cúpula do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul), a presidenta visitou Roma, onde se encontrou com o
primeiro-ministro do país, Matteo Renzi, e hoje em Milão. Dilma disse que a
visita foi produtiva e estreitou relações entre os dois países.
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