Desenho da capa da página de Ricardo Sousa na rede social Facebook |
Filhos de migrantes
cearenses, Ricardo nasceu em São Paulo em 1977. Aos seis anos, pegou o caminho
inverso e voltou com sua mãe para o sítio Samambaia, distrito de Altaneira, no
sul do Ceará. Sua infância foi no meio do mato, na terra batida, fantasiando o
Sítio do Pica-Pau Amarelo como a casa de seus avós. Entre idas e vindas de
Altaneira para Samambaia, o desenho já aparecia em forma de cartas dedicadas à
sua avó, Maria Madalena. Seus “rabiscos rupestres”, ele diz, “talvez
fossem tentativas de mostrar que eu queria me comunicar de alguma forma”.
A necessidade de
comunicação parece ser um dispositivo motivador dentro de Ricardo que o levou a
ser ator, desenhista, chargista e ilustrador. Além da carreira de 14 anos no
Teatro, passou os últimos três anos também investindo profissionalmente no desenho.
Com dois projetos de desenho para HQs internacionais e publicações diárias em
sua página pessoal, o chargista de Altaneira ainda consegue acompanhar atento a
política e os desdobramentos curiosos dessa cidade.
Assiste e participa
pela sua janela virtual, responsável por levá-lo de São Paulo até as altas
terras caririenses – de onde partiu aos 13 anos, em 1990, para voltar à selva
de pedra. Logo o jovem Ricardo precisou encarar a realidade de onde estava: não
era mais o sítio do Pica-Pau Amarelo, nem o cenário de suas fantasias e
brincadeiras de criança. Agora, o cimento, a velocidade e o relógio transformam
seu olhar e, felizmente, lhe trouxe uma visão de contemplação do humano e
participação social.
Foi ajudante geral em
algumas fábricas e office boy da Arquidiocese para sobreviver. Contou os
minutos até largar tudo e viver do que realmente gostava de fazer. O teatro,
seu primeiro amor, passou a ser sua profissão e ganha-pão dos anos 2000 até a
data de hoje, trabalhando com projetos educacionais de arte e intervenções
voltadas para o teatro infantil.
No meio tempo, sua mão
insistia em desenhar os traços do cotidiano em papéis avulsos. Cenas urbanas
comuns despercebidas aos olhos ligeiros, a solidão das capitais, a memória
coletiva gravada em prédios aos pedaços. Imaginou e engavetou diversos projetos
para um futuro próximo. “Minhas inspirações parte de desenhistas que
faziam histórias ‘humanas’, nada de ‘super seres’ e suas capas esvoaçantes”,
revela, explicando que o foco em ações, contradições, pensamentos e mazelas da
vida humana hoje lhe interessa mais do que a fantasia.
E foi assim, olhando
para os fatos do cotidiano, que nasceu as charges sobre Altaneira. Ainda na
época em que o Orkut era a moda e o iPhone coisa de gringo, Ricardo publicou
sua primeira charge, na época, sobre o escândalo de sexo na Câmara dos
Vereadores.
Da política do dia-a-dia, dos “causos” e dos problemas sociais que Altaneira enfrenta, Ricardo põe em ação toda sua capacidade de síntese para criar, com uma pitada de humor, um pouco de acidez e o suficiente de crítica, desenhos que reverberam nos grupos online, nas mesas de bar e nas conversas de esquina.
Da política do dia-a-dia, dos “causos” e dos problemas sociais que Altaneira enfrenta, Ricardo põe em ação toda sua capacidade de síntese para criar, com uma pitada de humor, um pouco de acidez e o suficiente de crítica, desenhos que reverberam nos grupos online, nas mesas de bar e nas conversas de esquina.
Ricardo revela que seu
processo de criação tem por base procurar entender ao máximo o assunto tratado.
“Como estou longe tenho que ficar atento
aos mínimos detalhes do que está acontecendo nas redes sociais, já que as
charges têm o foco no cotidiano de Altaneira”, explica estar ativo e atento às
discussões dos principais grupos sociais e políticos da cidade, movimentada por
quase 3.000 membros – metade do número populacional.
Entre seus assuntos mais comentados
estão momentos da vida política e econômica municipal, as tramas entre grupos
políticos, questões de interesse da comunidade geral e fatos intrigantes do
cotidiano.
Sobre a intrínseca discussão da
liberdade de expressão e da responsabilidade social, Ricardo declara “Já
me censurei”, expondo que busca e prefere criar uma peça que seja bem
humorada e faça refletir, do que exagerar na sátira e diretamente ‘enfiar o
dedo na ferida’ a fim de ofender alguém. “Mas charge é um tiro só: ou você
acerta ou erra”,
completa.
Muito orgulho desse artista Altaneirense!!! Super prestativo e contribuinte com suas raízes... tbm fez criação para o Blog de Aprendizagem Cooperativa da Escola Santa Tereza.
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